São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1994 |
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Falta de dinheiro ameaça plano
ELVIS CESAR BONASSA
Os recursos serão necessários para a montagem dos novos órgãos e investimentos em "infra-estrutura cultural". Mas a cultura vai disputar fatias do Orçamento com áreas consideradas "prioritárias": educação e saúde. Jorge Cunha Lima afirma que o dispêndio da União com cultura deve atingir nos próximos quatro anos pelo menos 1% do Orçamento, estimativa otimista de multiplicar os investimentos por 25. E, mesmo que chegue a esse patamar, subsiste um outro risco: os custos do burocratismo. A queima de dinheiro na própria estrutura burocrática é hoje um problema crucial, por exemplo, na educação. Apenas 40% dos recursos investidos chegam à sala de aula na região Nordeste, para citar apenas um caso de estimativa feita pelo Banco Mundial. O resto se perde no custeio da burocracia. Os planos de FHC devem enfrentar resistências no próprio meio cultural –em especial, entre os cineastas. O ex-presidente da Embrafilme Ivan Izola diz que foi "bombardeado" quando inciou reformas naquele órgão, antes da extinção, semelhantes ao que o governo FHC pretende adotar. "Fui chamado de louco ao tentar adotar critérios mais claros para a concessão de financiamentos. Houve um cineasta que fez uma cena no meu escritório, ameaçou se matar se não saísse dinheiro para o filme dele", recorda Izola. Outra questão básica –e espinhosa– a ser resolvida para que os planos de FHC decolem é a relação com a TV. O próprio Cunha Lima reconhece que "nada será feito se as TVs não assumirem o compromisso de divulgar a cultura, o que implica aceitar a produção alternativa e regionalizada". (ECB) Texto Anterior: Governo planeja censo cultural Próximo Texto: Cultura terá modelo americano Índice |
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