São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1994
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Muçulmanos brigam com polícia na França

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Confronto ocorrido nesse domingo entre manifestantes muçulmanos e a polícia francesa deixou 16 policiais feridos, além de seis carros incendiados. Um jovem armado foi preso.
Cerca de 200 jovens lutaram com a polícia, chegando a construir barricadas na cidade de Amiens (norte da França), informou o prefeito Michel Desmet.
Os jovens são filhos dos harkis, os veteranos de guerra argelinos que lutaram na guerra de independência da Argélia (1954-62) pelo lado francês. A comunidade harki no país é estimada em 250 mil pessoas.
Há duas versões para o início do combate. Os jovens afirmam que policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar uma festa na noite de sábado. Os jovens teriam então saído para protestar.
O prefeito nega essa ação policial. Disse que os harkis estariam revoltados com a liberação dos suspeitos do assassinato de um membro da comunidade em agosto último.
O líder da federação harki, Ali Benayed, condenou a ação da polícia. Apesar de achar que não será o vandalismo que ajudará a nossa causa, Benayed disse que a polícia discrimina os harkis.
Ele acusa a França de esquecer seus antigos aliados. Reclama melhores casas, educação e oportunidade de trabalho para os jovens.
O governo francês vem endurecendo suas ações contra os argelinos que vivem na França buscando prender qualquer cidadão com relações com o partido argelino FIS (Frente Islâmica da Salvação).
A FIS venceu as eleições de 1991, mas elas foram anulados pelo governo argelino.
O governo francês apóia a administração do atual presidente, Liamine Zeroual. Líderes da FIS foram presos durante a guerra civil entre o governo e os radicais.
Extremistas muçulmanos iniciaram então uma série de atentados terroristas, matando vários franceses. O ministro do Interior francês, Charles Pasqua, vem liderando pessoalmente uma campanha policial, já qualificada de racista, buscando expulsar esses extremistas da França.

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