São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1994
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O segundo turno de FHC

Mesmo sem se apresentar diretamente ao eleitorado, o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso parece ter todas as condições de vencer também o segundo turno, a ser disputado hoje em 17 Estados mais o Distrito Federal.
Afinal, o partido de FHC, o PSDB, conforme indicam as pesquisas, concorre com boas chances em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país, nos quais vivem mais de 40% do eleitorado total.
É evidente que um presidente que tem correligionários à frente dos Executivos dos Estados política e economicamente mais fortes fica mais à vontade para governar.
Essa regra geral reforça-se, no caso de FHC, pelo fato de o presidente eleito ter incluído entre suas prioridades uma redistribuição das tarefas entre União, Estados e municípios. Tal tarefa pressupõe acima de tudo a transferência de atribuições hoje desempenhadas pela União para as esferas inferiores, dado que os recursos já foram redistribuidos pela Carta de 88, ao menos para Fernando Henrique.
É lógico que governadores afinados com o presidente terão mais facilidade para aceitar novos encargos para suas próprias esferas.
A esse cenário cor-de-rosa convém, contudo, oferecer um contraponto. Em 1986, o PMDB, formalmente o partido do então presidente (José Sarney), conseguiu, graças ao Plano Cruzado, eleger os governadores, não apenas dos três principais Estados, mas de todas as demais unidades federativas, com a única exceção de Sergipe. Mais ainda: o PMDB ficou também com a maioria da Câmara e do Senado, façanha que o PSDB e seus aliados nem remotamente repetiram agora.
A hegemonia peemedebista de então não funcionou a contento, como se sabe hoje. É claro que transposições mecânicas de situações passadas podem ser inadequadas. Mas a inconsistência dos partidos brasileiros, exposta uma vez mais no processo eleitoral deste ano, pede que se encare com todas as cautelas esse previsível segundo triunfo do presidente eleito.
Será a sua ação de governo e a popularidade ou impopularidade dela advinda que nortearão o relacionamento dos governadores com o presidente, muito mais do que um rótulo partidário comum.

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