São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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PSDB vence nos maiores Estados; PMDB deve ter mais governadores

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de 1º de janeiro, o PSDB comandará os governos de Estados nos quais votam 44,4 milhões de eleitores ou 46,91% do eleitorado brasileiro total.
Esse cálculo surge do fato de o partido ter eleito, já no primeiro turno, o governador do Ceará (Tasso Jereissati) e, na votação de ontem, virtualmente obtido os governos também de São Paulo (Mario Covas), Minas Gerais (Eduardo Azeredo) e Rio de Janeiro (Marcello Alencar).
Pelo menos é o que indicam os resultados das pesquisas boca-de-urna feitas pelo Datafolha nesses Estados. No cômputo do PSDB, está incluída a previsível vitória de Almir Gabriel sobre Jarbas Passarinho (PPR) no Pará, e excluídos os resultados de Sergipe e Roraima.
Já no Rio Grande do Sul, a definição terá que aguardar até a contagem do último voto: a pesquisa boca-de-urna dá empate entre Antônio Britto (PMDB) e Olívio Dutra (PT), cada um com 50% dos votos válidos.
O PT assegurou, em princípio, o primeiro governo de sua história, com a vitória de Cristovam Buarque no Distrito Federal.
O segundo turno confirmou a forte queda do PFL que, de nove governadores eleitos em 1990, agora ficou, com certeza, apenas com o da Bahia (Paulo Souto). Concorre ainda no Maranhão, em pleito indefinido, e no Piauí, com favoritismo do PMDB.
O PMDB volta a ser o partido de maior número de governadores. Elegera três no primeiro turno (Alagoas, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte), caminhava para eleger mais três ontem (Santa Catarina, Goiás e Piauí) e ainda disputava em outros três Estados (Acre, Paraíba e Rondônia), sem contar o Rio Grande do Sul.
O PMDB fez também o maior número de deputados federais (103, sem contar o Rio, onde a eleição foi anulada e refeita ontem) e manteve a maioria relativa do Senado (22 senadores, computando-se os 16 eleitos este anos e os seis eleitos em 90 e que têm, portanto, mandato até 98).
Tudo somado, a eleição configura um "elevado índice de fragmentação", na avaliação do cientista político Leôncio Martins Rodrigues. O índice, idealizado pelo norte-americano Douglas Rail, revela pouca fragmentação partidária quando mais próximo de zero e elevada se mais perto de 1.
Exemplo prático: nos EUA, a média do índice no período 1945/1973 foi 0,49, característico de um modelo virtualmente bipartidário.
No Brasil de 1994, o índice é de 0,87, substancialmente mais alto, segundo os primeiros cálculos de Leôncio que, obviamente, excluem o Rio, pois o método se aplica à eleições para o Legislativo.
"Em tese, dificulta a governabilidade, mas, no Brasil, o Executivo é tão forte que essa dificuldade pode desaparecer", diz o professor da USP e da Unicamp.
Em São Paulo, a votação foi tranquila, quase sonolenta.
Numa espécie de antevisão do resultado, Francisco Rossi (PDT) chorou ao exibir jornal de um comitê covista que o chamava de "ladrão". E Mário Covas (PSDB) começou o dia dando entrevistas como virtual governador eleito, condição que o Datafolha logo confirmaria.

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