São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Portuários de Santos apóiam Covas mas evitam fazer boca-de-urna

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Mesmo sendo a cidade natal de Mário Covas, não houve boca-de-urna nos principais locais de votação de Santos. Nenhuma queixa nesse sentido foi recebida pela PM até as 16h30.
A Polícia Militar havia registrado duas prisões na Baixada Santista, ambas por venda de bebida alcoólica, até as 16h.
Segundo o juiz eleitoral de Santos, Eleutério Dutra Filho, não houve registro de grandes filas em nenhuma seção de votação.
A apuração dos votos na Baixada Santista, que possui 776.361 eleitores –3,72% do eleitorado estadual- começaria às 18h.
"Em Santos, a expectativa é estar tudo apurado por volta das 23h30 de hoje (ontem)", afirmou Dutra Filho.
Sidicatos
Os oito principais sindicatos do porto de Santos (SP) orientaram seus trabalhadores a votar no candidato do PSDB.
Esses sindicatos –Estivadores, Conferentes, Consertadores, Vigias de Bordo, Rodoviários, Operadores Portuários, Guindasteiros e da Administração Portuária– reúnem cerca de 40 mil filiados.
No último dia 3 de novembro, os representantes dos sindicatos se reuniram e decidiram fechar questão em torno do apoio a Covas.
Alguns deles, como o Sindicato da Administração Portuária, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), pediram votos para o tucano desde o primeiro turno.
"Desde 3 de outubro o Covas é o nosso candidato, mesmo com a nossa ligação à CUT", disse o vice-presidente dos administradores portuários, Francisco Bertozzi.
Ele avalia que 90% dos trabalhadores ligados ao setor portuário votaram em Covas no segundo turno. "Fizemos um trabalho de base, mesmo em assembléias, para carrear votos a ele", disse.
Para o primeiro tesoureiro do Sindicato dos Guindasteiros -sem filiação a centrais sindicais- Odair Mathias, 49, "o apoio a Covas é uma retribuição aos serviços prestados aos trabalhadores do porto".
No último dia 1º de novembro, quando esteve em Santos para uma reunião com lideranças políticas da Baixada Santista, Covas criticou os empresários que operam na área portuária.
"Em todos os países, o vilão do porto é o armador. No Brasil, os trabalhadores é que são os culpados pela situação precária em que se encontram os portos brasileiros", afirmou Covas.
"Os armadores hoje são os antigos piratas. Eles só trocaram o tapa-olho pelo terno e gravata", disse o advogado do Sindicato dos Estivadores, o maior de Santos, José Paccilo.
Paccilo disse que o governo federal arrecadou em 1992 US$ 60 milhões em taxas no porto de Santos. "Desse total, apenas US$ 5 milhões voltaram para reaparelhamento do cais santista", afirmou.

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