São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Britto derrota PT e ganha eleição

DIONE KUHN; CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Antônio Britto (PMDB) é o virtual governador eleito do Rio Grande do Sul. Até as 22h33, com 93,9% dos votos apurados, Britto tinha 49,8% contra 45,1% de Olívio Dutra (PT).
Esta é a segunda vez que Britto e Olívio concorrem ao mesmo cargo público. Em 1988, eles disputaram a Prefeitura de Porto Alegre. Olívio venceu por pequena margem de votos. Foi a revanche de Britto, que contou com o apoio do presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Esta foi uma das disputas eleitorais mais acirradas do país. A pesquisa de boca-de-urna do Datafolha apontava empate em 48%.
Pela manhã, Olívio e Britto foram hostilizados por militantes adversários em Porto Alegre.
A hostilidade mais forte ocorreu contra Britto, no momento em que ele se dirigia ao local de votação, às 11h. Ao descer do carro, o candidato teve de passar por um "corredor polonês", composto por petistas, que o vaiaram.
Britto teve dificuldade de entrar no prédio, mas foi protegido por peemedebistas. Sua saída foi garantida por PMs.
Pouco depois, em outro ponto da cidade, Olívio foi insultado por militantes do PMDB. Os peemedebistas gritaram "aí, cachaça". Olívio tinha o hábito de beber, quando era prefeito da capital, depois do expediente.
O candidato petista se recusou a posar para fotos fazendo o "V" da vitória, às 8h15 de ontem, no momento em que votava.
Com as mangas da camisa arregaçadas, o candidato saiu de casa às 8h, acompanhado de sua mulher, Judite, e da filha, Laura. O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), esperava-o na calçada. Eles foram a pé até o Colégio São João, local de votação de Olívio, na zona norte.
Às 11h, ao sair de uma emissora de rádio, Olívio foi cercado por dezenas de militantes do PT, que gritavam "governador". Alguns correligionários chegaram a lançá-lo para presidente.
O candidato do PMDB, Antônio Britto, não deu folga ao seu adversário. Britto criticou o PT por ter "importado militantes". Segundo ele, uma "legião estrangeira" chegou de São Paulo e Santa Catarina para tumultuar as eleições.
Britto, 42, chegou ao comitê central de campanha às 7h45, acompanhado de sua mulher, Wolia Costa Manso, e do filho Santhiago. Ele foi aplaudido por lideranças do PSDB, PPR, PFL, PL e por alguns representantes do PDT.
Autor da emenda que instituiu o segundo turno, Britto disse que a votação em duas etapas não cumpriu seu objetivo de garantir a maioria.

Texto Anterior: 'Bíblia não dá soluções', diz vice
Próximo Texto: Porto Alegre é tomada por "bandeiraços"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.