São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Leitores substituem cartas por reclamações via computador

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Suponha que você acabou de ler um comentário numa revista, discorda totalmente da opinião do autor e não se conforma em ter que responder a ele na coluna do leitor. Nenhum problema: basta ligar o computador de sua casa, acionar o terminal da revista e deixar um recado para o jornalista. Dependendo da ocasião, você pode acabar debatendo on line com o próprio autor do artigo.
O mesmo vale se você é fã de um âncora ou da atriz de uma novela e não consegue conter a curiosidade: será que ele usa peruca? Ou que ela pode me mandar uma foto autografada? Mais uma vez, o computador será capaz de resolver o seu problema.
A mídia americana já não cabe mais em si. Jornais, revistas e emissoras de TV estão embarcando na supervia da informação atrás de lucro, obviamente, mas muito mais de fisgar o público sofisticado. Afinal, na média, a renda dos 5 milhões de domicílios dos EUA que frequentam serviços on line é de quase US$ 6.000 mensais.
Tome-se como exemplo a "Atlantic Monthly", uma revista de elite que publica comentários, contos e até poesia. Em sociedade com a America Online, uma rede de base de dados, a revista tem um espaço eletrônico em que os infonautas lêem a edição mensal e dar opiniões sobre o conteúdo.
Se uma reportagem não matou sua curiosidade sobre o assunto, é possível checar as fontes que deram origem ao texto e ler comentários do editor sobre o contexto em que o artigo foi publicado. O leitor pode deixar recados para os articulistas ou, dependendo da ocasião, debater on line com colaboradores e convidados.
A idéia da interação imediata, de responder ao impulso que o telespectador tem de participar, está por trás da decisão da CNN, a rede de notícias, de incluir os computadores em um de seus programas ao vivo. O "Talk Back" é um programa vespertino que debate o assunto quente do dia.
Além de conversar com convidados e gente no auditório, a âncora fica de olho em um terminal instalado em pleno estúdio. Através dele e da rede CompuServe, qualquer telespectador pode fazer perguntas ou comentários, interagindo com os outros participantes.
Na verdade, nem a "Atlantic Monthly" nem a CNN são pioneiras no uso dessa tecnologia. São apenas dois exemplos recentes de uma avalanche de projetos através dos quais a mídia americana tenta manter e ampliar seu público através de meios não convencionais.
Hoje em dia as três redes americanas –ABC, CBS e NBC– já criaram espaços acessíveis aos infonautas, assim como a MTV, a revista "Time" e o jornal "The New York Times" conversam com seu público on line.
O que os executivos descobriram é que esse é um contato muito mais próximo e apaixonado do que as cartas de leitor ou os telefonemas que acabavam na mesa de uma secretária de segundo escalão. Os fãs, principalmente da televisão, querem saber de tudo, desde o que se passa nos bastidores de uma novela até se aquela moça do tempo é casada.
No período em que inaugurava seu terminal, a rede ABC promoveu um bate-papo on line entre seu âncora, Peter Jennings, e os assinantes da America Online. O congestionamento foi tamanho que centenas de perguntas ficaram sem resposta. O apelo de Jennings não ficou só no intelectual: em uma semana, cerca de 500 usuários transferiram para os arquivos de seus micros uma foto do âncora que a emissora ofereceu on line.

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