São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994
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Sindicato diz que menores deixam 8 mil sem trabalho

ADRIANA REZENDE
DA FOLHA NORDESTE

O Sindicato dos Sapateiros de Franca distribuiu ontem 8.000 panfletos na cidade denunciando o trabalho de menores no setor e o desemprego dos trabalhadores das indústrias calçadistas.
Segundo o Sindicato dos Sapateiros, 8.000 pessoas ficaram desempregadas este ano no setor.
O Sindicato da Indústria de Calçados de Franca não tem levantamento sobre o total de desempregados. "A quantidade de desempregados é irrisória", diz Paulo Henrique Cintra, 45, vice-presidente do sindicato patronal.
Ele discorda que os menores estejam substituindo e tirando o emprego dos trabalhadores do setor.
Pesquisa elaborada pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e Sindicato dos Sapateiros demonstrou que 73% das 1.561 crianças de até 14 anos entrevistadas prestavam serviços à indústria calçadista de Franca.
As crianças trabalham em bancas de pespontos, única fase da produção do calçado que é terceirizada. O trabalho é dividido em costura e colagem. O Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe o trabalho de menores de 14 anos.
A panfletagem de ontem pelas ruas de Franca faz parte da campanha pela Eliminação do Trabalho Infantil e Conscientização da População elaborada pelo Sindicato dos Sapateiros.
Segundo Valdir Luis Barbosa, 29, diretor do Sindicato dos Sapateiros, os empresários estão "lavando as mãos" diante do problema. "Eles só se pronunciaram quando houve a ameaça de retaliação norte-americana às importações dos calçados de Franca, devido à pesquisa divulgada no exterior", disse o diretor do sindicato.
O sindicato patronal afirmou que não há menores trabalhando dentro das indústrias de calçados e que a fiscalização do uso de mão-de-obra ilegal deve ser feita pelas autoridades competentes.
O Sindicato da Indústria de Calçados de Franca anunciou na semana passada que se houvesse retaliações dos Estados Unidos uma empresa de auditoria seria contratada para fazer levantamento dos menores que são empregados nas bancas de pesponto.

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