São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994 |
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Marinha diz que causa menos prejuízo que turismo ecológico
VICTOR AGOSTINHO
Dossiê elaborado pelo ministério mostra que a área de tiro da Marinha utiliza 4,7% da área do arquipélago. Segundo o documento, Alcatrazes oferece hoje "condições invejáveis de manutenção de ecossistema" graças à ocupação da Marinha que impediu o estabelecimento do homem na área, "sabidamente o maior predador do meio ambiente". Segundo a Marinha, os alvos para os exercícios foram pintados numa encosta rochosa, praticamente sem vegetação. Ainda de acordo com o dossiê, apesar de a esquadra ter usado o local durante dez anos, não houve prejuízo à fauna do arquipélago. Para a Marinha, isso "é natural", uma vez que os alvos ficam situados em uma encosta íngreme e pedregosa, "de vegetação rasteira e bem diferente do paraíso ecológico existente no lado oposto" da ilha. Na opinião do capitão-de-fragata Airton Teixeira Pinho, "a presença da Marinha foi mais eficaz para preservar o arquipélago do que o turismo ecológico". "Veja o que acontece com os lugares onde é feita visitação de turistas: sempre se estragam", diz. Os exercícios da Marinha começaram a ser feitos em Alcatrazes em 1980 e se mantiveram ininterruptos até 1990, quando entidades ambientalistas entraram na Justiça com ação visando impedir os tiros. Antes de se decidir pelo arquipélago, a Marinha pesquisou durante dois anos todas as ilhas do litoral brasileiro para encontrar uma em condições de abrigar os exercícios da esquadra. O que fez o Ministério da Marinha optar pelo arquipélago de Alcatrazes foi um conjunto de cinco fatores: não há habitantes nas ilhas, fica próximo do Rio –base da esquadra–, não tem vegetação e fauna no local dos exercícios, oferece condições favoráveis de navegação e suas encostas formam um "paredão". Antes de se exercitar em Alcatrazes, a esquadra brasileira utilizava instalações da raia de tiro da Marinha dos Estados Unidos, em Porto Rico, no Caribe. "O gasto de levar o pessoal ao estrangeiro era muito grande. Imagine 1.200 homens comendo durante 40 dias e o óleo que se gasta para ir até o Caribe", diz o capitão-de-fragata Pinho, que não soube informar o custo de uma operação como esta. Os exercícios da esquadra brasileira recomeçaram em abril deste ano, quando a Justiça determinou ser improcedente a ação movida pelos ambientalistas. Texto Anterior: Araçatuba realiza campanha anti-raiva Próximo Texto: ONG quer criar parque marinho Índice |
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