São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994
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Homens de boa vontade

LUÍS NASSIF

Um dos pontos relevantes das últimas eleições, foi a nova safra de governadores dos grandes Estados. Caberá a eles papel central na definição dos novos rumos da economia e da administração pública brasileira.
O ajuste do Estado passa por negociações penosas com os governos estaduais. Os governadores que saem deixam legado pesado de bancos estaduais em dificuldades, de contas públicas desorganizadas, de endividamento cruzado, um grande inventário de conflitos fiscais.
Parte relevante do grande pacto político, a ser administrado pelo próximo presidente, passa pelas negociações com os governadores. É nesse contexto que assume relevância o fato de o presidente dispor de aliados políticos em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Essa montagem pode ser extremamente favorável, desde que haja desprendimento da parte desse núcleo.
Para tanto, há a necessidade de que esses novos governadores passem a encarar a administração pública de modo mais moderno, puxando a fila da grande modernização e democratização do Estado. Administrar modernamente significa abrir mão de poder, dispensar a centralização, instituir mecanismos permanentes de controle do Estado pela cidadania.
Não podem embarcar na velha ilusão de que basta um governo sério para todos os problemas serem resolvidos. Tem que se dispor de um novo modelo. O primeiro governo paulista após a redemocratização –o governo Montoro– foi sério e responsável. O que não impediu que fosse sucedido por dois governos que esfrangalharam as finanças estaduais.
Trabalhando em conjunto, poderão instituir mais rapidamente mecanismos de controle, novas maneiras de gestão pública, mecanismos de automatização e profissionalização do relacionamento com municípios. Ficará mais fácil a esses Estados assumir compromissos hoje de responsabilidade da União, completando o processo federativo.
Os próximos anos serão do PSDB. Completa-se vitoriosamente um ciclo que nasceu da reação desse partido ao fisiologismo que já começava a destruir a célula-mãe do PMDB. O partido assume dentro de uma conjugação única de fatores favoráveis.
Se não ceder ao imediatismo, se se mirar permanentemente no processo autofágico que destruiu o PMDB –para não repeti-lo–, o PSDB conseguirá conduzir o país na travessia para a modernidade e se firmar como o grande partido da reconstrução nacional.
Se pretender seguir o modelo tradicional de apropriação política do Estado, morre na primeira curva.

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