São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994
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Unita acusa ataques e rejeita acordo

FERNANDO ROSSETTI DE JOHANNESBURGO
DE JOHANNESBURGO

A Unita, o grupo rebelde angolano em luta contra o governo há 19 anos, disse ontem que não vai mais assinar um acordo de paz no próximo domingo.
Segundo o chefe da delegação da Unita em Lusaka (Zâmbia), onde estavam ocorrendo as negociações, o governo de Angola não respeitou o cessar-fogo que deveria ter começado na quarta-feira às 20h locais (16h em Brasília).
O general da Unita Eugênio Manuvakola afirmou à rádio portuguesa TSF que houve bombardeio ontem de manhã contra os acampamentos dos rebeldes nos arredores de Huambo.
A cidade –a segunda maior do país, 530 km a sudeste de Luanda a capital– foi o quartel-general do grupo guerrilheiro até a semana passada, quando foi tomada por tropas do governo.
A Unita também afirma que o Exército dominou ontem durante o dia a cidade de Uige, no norte do país. É onde fica uma das principais bases aéreas angolanas.
Segundo o general das Forças Armadas de Angola Armindo Bravo Rosa, Uige foi tomada "muitas horas antes" de o cessar-fogo entrar em vigor.
A Unita voltou a pedir que a ONU coloque observadores nos principais pontos de combate no país para garantir o cessar-fogo. A ONU disse que os observadores só serão enviados caso a Unita assine o acordo de paz.
Com a tomada de Huambo e Uige, o governo praticamente venceu a guerra que trava contra a Unita desde a independência do país em relação a Portugal em 1975.
O acordo de paz deveria ter sido assinado na última terça-feira em Lusaka pelo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e pelo líder da Unita, Jonas Savimbi.
Mas os ataques a Huambo levaram ao adiamento da assinatura. Agora, se a Unita mantiver sua posição, o país poderá voltar à guerra de guerrilha que deixou mais de 500 mil mortos desde 1975 (80 mil desde 1992).

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