São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O Brasil e a atividade imobiliária internacional

ROMEU CHAP CHAP

A queda do muro de Berlim foi o marco simbólico do início da derrubada das fronteiras estanques entre diversas nações. Trouxe nos seus ventos de redemocratização, um novo enfoque geopolítico e social, derrubando fronteiras ideológicas, culturais e comerciais entre diversos países.
Temos o privilégio de assistir hoje a uma redefinição da atuação política dos governantes mundiais, onde barreiras ideológicas são superadas em nome da parceria no desenvolvimento de um vigoroso comércio mundial, solidificando a globalização das atividades.
Neste cenário mundial, o Brasil vem ocupando papel de destaque através da presença de líderes empresariais em vários organismos internacionais.
Representando o mercado imobiliário brasileiro através de entidades de classe como Secovi e a Fiabci, pude acompanhar de perto a evolução do espaço imobiliário mundial.
Assim, tivemos a oportunidade de conhecer diversas alternativas para a produção e comercialização imobiliária, novos modelos negociais, as parcerias possíveis na iniciativa privada e desta com o poder público, e tantos outros aspectos, que nos fazem perceber o alcance de nossas atividades e o quanto podemos interferir nos destinos da civilização.
Ao mesmo tempo, pude sentir que ainda é grande a desinformação sobre a potencialidade de nosso país na comunidade internacional, como é grande também o assombro dos mesmos diante do crescimento de 4,5% do PIB brasileiro em 1983 e do volume de lançamentos imobiliários, denotando o dinamismo de um mercado que ainda se encontrava sob condições adversas provocadas por uma inflação galopante.
Porém, temos hoje a boa vontade dos investidores estrangeiros diante do esforço do atual governo na estabilização de nossa economia e com o fato de o mercado imobiliário nacional oferecer extraordinário campo para empreendimentos dos mais diversificados além dos residenciais, tais como modernos projetos de edifícios comerciais, shopping centers, empreendimentos voltados ao lazer etc.
Em termos de mercado imobiliário, o Brasil pode e tem aproveitado muitas experiências internacionais bastante satisfatórias, tais como as operações urbanas interligadas, a construção de casas projetadas para a conservação de energia, redução de desperdício e outras características que levem em conta a racionalização do solo e do meio ambiente, ou ainda experiências como a revitalização urbana de Cingapura, que deu origem ao atual projeto da Prefeitura Municipal de São Paulo denominado "Projeto Cingapura". Projeto este de grande alcance social, capaz de cumprir os objetivos de valorizar a cidadania das pessoas ao melhor sua qualidade de vida.
A estabilização monetária que hoje se vislumbra no cenário econômico brasileiro aproxima o setor imobiliário nacional das condições favoráveis ao sucesso dos financiamentos diretos, instrumento largamente utilizado no exterior.
O financiamento direto, em uma economia estável, é extraordinário recurso de alavancagem de vendas visto que possibilita tanto a quem compra como para quem produz e vende um planejamento a longo prazo sem sobressaltos.
Com isso o mercado imobiliário nacional volta a incorporar o importante segmento representado pela classe média brasileira, visto que a mesma foi penalizada com perdas sucessivas de seu poder aquisitivo causadas por inflação sem precedentes e que hoje, dadas as novas chances de estabilização econômica, volta a ter destaque na produção imobiliária nacional, tal qual acontece em diversos países do primeiro mundo.
O empresário passou a contornar a crise e atender ao consumidor com produtos de qualidade, realizados dentro de uma nova filosofia, baseada na busca da racionalização dos custos com qualidade total na construção, oferecendo ao consumidor um produto na medida exata de suas necessidades físicas e de sua capacidade econômica-financeira.
A regulamentação do Fundo de Investimento Imobiliário, como alternativa de captação de recursos para o mercado imobiliário nacional, deve-se também às iniciativas promovidas a partir do seminário realizado em 1990 pelo Secovi e pela Fiabci/Brasil um eficiente mecanismo de captação de recursos de democratização do acesso ao mercado imobiliário.
Há uma verdadeira indústria de fundos em nível mundial. Nos EUA, há 16 anos, existiam 477 fundos de diferentes naturezas. Hoje, são mais de 5.000. Praticamente, é criado um fundo por dia e um em cada quatro norte-americanos possui aplicações neste instrumento.
Os Fundos de Investimento Imobiliário abrem importante acesso do mercado internacional ao Brasil, principalmente para os Fundos de Pensão Estrangeiros. São grandes as oportunidades de investimento para pessoas físicas ou jurídicas dos EUA e da Europa em mercados da América Latina, notadamente o Brasil.
Importante ainda salientar que os Fundos de Investimento Imobiliário terão grande impacto na redução dos custos, principalmente em uma economia estável, pois permitirão a continuidade de produção e melhor planejamento.
Estas são apenas algumas das experiências internacionais por nós aproveitadas e que demonstram o potencial de resultados deste intercâmbio de conhecimentos na melhoria das condições sociais brasileiras.

Texto Anterior: Avião multinacional; Dose dupla; Qualidade oficial; Os econômicos; Orientação brasileira; Chips no hospital; Negócio da China; Em leilão
Próximo Texto: Quaker compra Adria e estréia nas massas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.