São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
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Saiba quem foi Lygia Clark

DO ENVIADO ESPECIAL

Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte em 1920. Em 1947, já morando no Rio, começa a estudar pintura com Roberto Burle Marx.
Em 1950 muda-se para Paris, onde estuda com Fernand Léger (1881-1955). Volta ao Rio e se dedica à pintura abstrata.
Seu primeiro rompimento com os cânones da pintura acontece em 1954. Faz telas geométricas que extrapolam os limites da moldura.
Em 1959, mostra seus "Bichos", placas de metal articuladas por dobradiças. É quando sua obra começa a se abrir à participação do público: o trabalho pode ser manipulado pelo espectador.
Nesse mesmo ano ela, Hélio Oiticica e Ferreira Gular, entre outros, rompem com o movimento concreto por acreditarem que o rigor geométrico acabara por se tornar limitador. Lançam o neoconcretismo, que buscava mais contato com o mundo orgânico.
Em 1965, Lygia cria o que pode ser considerado o primeiro objeto relacional, "Pedra e Ar". É um saco plástico cheio de ar, em volta do qual há um pedra.
Lygia começa a ganhar repercussão internacional nesse época. Em 1964 e 1965, expõe na galeria Signals de Londres. Em 1968, a Bienal de Veneza dedica uma sala especial a seus trabalhos.
Na segunda metade dos anos 60 sua obra dá outra guinada. Em 1967 ela cria "O Eu e o Tu", uma roupa que abriga o corpo de duas pessoas se tocando.
"Hoje meu trabalho só tem pensamento. No fundo, o objeto não é mais importante. O pensamento, o sentido que se empresta ao objeto, ao ato, é o que interessa", diz em entrevista em 1968.
É esse tipo de idéia que desenvolve nas aulas que dá na Universidade de Paris (Sorbonne) entre 1972 e 1977. Já não se considera artista. Prefere ser chamada de propositora e depois de terapeuta. Lia livros de psicanálise, mas nunca frequentou uma faculdade.
Quando volta ao Brasil em 1978 abre um consultório em seu apartamento no Rio e trata seus pacientes com objetos relacionais.
Objeto de arte não lhe interessa, como disse: "O objeto relacional, como o seu próprio nome indica, se define na relação estabelecida com a fantasia do sujeito que o vivencia, perdendo a condição de simples objeto para, impregnado, ser vivido como parte do sujeito."

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