São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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A primeira fala

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

O mercado financeiro começa a viver intensamente o governo Fernando Henrique Cardoso. A entrevista do presidente eleito, logo após a divulgação dos resultados do segundo turno das eleições para governador, mexeu fundo com os mercados.
As Bolsas de Valores caíram de maneira significativa, refletindo segundo alguns analistas uma decepção com as palavras do novo presidente em relação à privatização. As principais ações das estatais despencaram, puxando os índices para baixo. Os preços das ações de empresas privadas não acompanharam as "brás", mostrando que os investidores estão dividindo o mercado em duas fatias.
Nos mercados de juros o humor dos investidores foi diferente. As expectativas inflacionárias embutidas nos contratos futuros reduziram-se sensivelmente, parecendo reforçar o sentimento que o repique inflacionário de outubro está superado. Ao final da tarde da última sexta-feira a Fundação Getúlio Vargas divulgou a segunda prévia do IGP-M, com um número bem abaixo da expectativa do mercado.
No mercado de câmbio continuou a queda das cotações futuras do dólar. Os agentes sinalizam que no governo FHC a taxa de câmbio dólar/real deverá ser estável, funcionando como a verdadeira âncora dos preços internos.
Existe ainda uma dúvida em relação a esta taxa de equilíbrio: será ela próxima ao nível atual de 83 centavos de real por dólar ou o Banco Central vai provocar uma desvalorização do real antes de sua ancoragem? Neste caso, qual o novo valor?
O que muitos agentes econômicos parecem não ter percebido é que o fato mais relevante da semana foi o resultado eleitoral nos Estados. A eleição de um grande número de governadores, principalmente nos mais importantes Estados da União, ligados ao futuro presidente é um passo importante no sentido de garantir a governabilidade a partir de 1995.
As reformas que deverão ser aprovadas na próxima legislatura, e que são a verdadeira garantia da consolidação de uma nova era em nossa economia, precisarão do peso político destes novos governadores.

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