São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Bernardinho já planeja o ouro olímpico

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico Bernardo Rezende, o Bernardinho, 35, já começa a planejar seu trabalho à frente da seleção brasileira feminina de vôlei com vistas à Olimpíada de 1996.
O primeiro passo, segundo ele, é vencer a Copa do Mundo, em novembro de 95, e classificar a equipe para Atlanta.
A seleção encerrou suas atividades em 1994 anteontem, quando retornou do Japão, onde foi a segunda colocada no Super Four.
Vice-campeã mundial, a seleção de Bernardinho só perde para Cuba, a melhor do mundo. "Nossa equipe aprendeu como se comporta um time vencedor", disse o técnico à Folha.
Folha - Como você analisa este seu primeiro ano na seleção?
Bernardinho - O balanço é positivo. Claro que não há soluções definitivas para os problemas, há uma evolução.
Nosso diagnóstico, no começo do ano, era de que os fundamentos mais deficientes eram o bloqueio e a defesa. E desenvolvemos um trabalho físico, com ênfase para o trabalho de força, aspecto que vamos seguir priorizando.
Folha - Esta prioridade se deve ao fato de Cuba ser uma equipe fisicamente muito forte?
Bernardinho - O vôlei mundial, de modo geral, caminha para que equipes mais fortes superem as menos potentes. Por isso, vamos estudar novas técnicas e trabalhar a parte física ainda mais.
Folha - A seleção cubana, campeã mundial, é um referencial para o seu trabalho?
Bernardinho - A equipe delas serve como um referencial físico. Mas, no bloqueio, temos de nos aproximar tecnicamente das russas. Na defesa, das asiáticas, de quem já estamos próximos. E, no ataque, temos de nos aproximar do Brasil. Faz parte da cultura do brasileiro se destacar no ataque.
Folha - Você continua na seleção no ano que vem?
Bernardinho - Minha idéia é essa. Vou conversar com o Núzman (presidente da Confederação Brasileira de Vôlei) sobre meus interesses e planejamento. Quero continuar até Atlanta, pelo menos.
Folha - Em 95, que competições terão prioridade?
Bernardinho - O Grand Prix (agosto) e a Copa do Mundo (novembro), que classifica para a Olimpíada.
Folha - E o Pan-americano?
Bernardinho - Este é em março e as jogadoras estarão disputando a Liga Nacional, que tem de ser priorizada, não pode ser atrapalhada por atividades da seleção. É preciso fazer uma Liga forte, de sucesso, vista pelo público.
Então, deveremos ir ao Pan-americano com a seleção juvenil e talvez incorporar alguma jogadora nova ao time adulto.
Folha - O que você pretende pedir à CBV para a continuidade do seu trabalho?
Bernardinho - Vou pedir uma estrutura profissional ainda melhor. Precisamos de alguém em tempo integral na parte de filmagem e contabilidade de dados.
Queremos também ter mais informações sobres nossos adversários. Ver Cuba, EUA, Rússia mais vezes e, para isso, vamos precisar de gente que vá atrás desses times.
Acho ainda que preciso conversar mais com as meninas. É uma queixa que elas têm, nós conversamos pouco, nosso divã foi a quadra. A atleta precisa de um pouco mais de atenção.
Folha - Você fez parte da "geração de prata" do vôlei masculino. Agora o seu sonho é ganhar o ouro em Atlanta?
Bernardinho - É um sonho. É o nosso grande objetivo, mas temos um caminho duro pela frente.
Folha - Por outro lado, você cumpriu a meta de chegar às finais de todos os torneios que disputou. Você se sente vitorioso?
Bernardinho - Acho que a seleção pode se sentir vitoriosa. Mas ela será ainda mais vitoriosa se voltar a jogar, em 95, com o mesmo ímpeto. Aí sim, dará provas de que é uma equipe vencedora.

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