São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Família preserva casa do início do século

CARMEN BARCELLOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Olhares de curiosos e corretores caem sobre outro imóvel no quarteirão milionário, entre Paulista e alameda Santos. É uma mansão, envolta por um jardim de magnólias, na esquina da Santos com a rua Padre João Manoel, que resiste aos "ataques".
Cercada de prédios, o imóvel foi construído no início do século e sobrevive sob a proteção da família Azevedo.
"Não vendemos por dinheiro nenhum do mundo. Enquanto for possível, vamos manter a casa em pé", diz M.C.A., 80, que prefere não se identificar.
Ela é a filha mais velha do advogado Francisco de Paula Vicente Azevedo e Cecília Azevedo, que receberam a casa como presente de casamento do pai de Cecília, em 1911.
Ali, o casal passou a vida. Cecília morreu em 1974 e Francisco, em 1976. Os sete filhos do casal aceitaram o pedido dos pais e preservam, até hoje, o imóvel.
M.C.A. diz que o assédio dos corretores é constante. Ela sequer deixa que façam ofertas. "Vou logo avisando que não temos nenhum interesse na venda."
A receita para enfrentar o caos urbano, segundo a moradora, é ter a paciência e "fé".
"Rezamos o terço todos os dias e entregamos tudo nas mãos de Nossa Senhora."
Para M.C.A., os prédios vizinhos não prejudicam a insolação do terreno.
Quanto à poluição sonora, diz que não chega a incomodar, porque as paredes da casa são grossas.
Por anos, o jardim da casa foi palco de filas de indigentes, que recebiam café da manhã, oferecido pela família.
O trabalho foi suspenso devido às depredações que começaram a ocorrer no jardim.
(CB)

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