São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Brasil treina para missões de paz

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A MOÇAMBIQUE

Dentro de alguns dias um contingente de 170 oficiais e soldados brasileiros inicia a viagem de volta ao país, depois de seis meses ajudando a monitorar o acordo de paz e as eleições em Moçambique.
A última participação de tropas brasileiras em uma missão de paz da ONU tinha sido na década de 60, no Egito, fiscalizando a trégua entre egípcios e israelenses.
A passagem dos pára-quedistas brasileiros pelas forças das Nações Unidas no país africano serviu de aprendizado de um tipo de missão hoje tão estranho ao dia-a-dia do Exército quanto a intervenção nos morros cariocas.
Os militares são treinados para a guerra e para destruir um inimigo empregando a maior força possível. Servir de policial em favelas, ou fiscalizar um cessar-fogo entre dois adversários, são atividades fora do comum, segundo oficiais ouvidos pela Folha em Moçambique.
Para disseminar pela instituição os conhecimentos adquiridos na África, o Exército enviou uma comitiva de oficiais de diversas áreas ao Cobramoz (Contingente Brasileiro em Moçambique).
Entre os oficiais que viajaram até a base em Mocuba, região central do país, estavam comandantes de batalhões que estão hoje treinando especificamente para servir em futuras forças de paz da ONU. Outro país do mesmo continente está sendo visto como o local mais provável: Angola.
Os mesmos motivos que facilitaram a ação dos brasileiros em Moçambique fazem com que sejam uma tropa ideal para ir a Angola, na opinião de observadores da ONU: a língua portuguesa em comum, o clima tropical e a forte capacidade de improvisação de forças armadas acostumadas a parcos recursos.

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Sobre os brasileiros em Moçambique na pág. 3-3.

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