São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Moradores reclamam de busca sem mandado

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

Moradores do morro da Mangueira afirmaram que suas casas foram revistadas por soldados do Exército que não apresentaram mandado ou autorização judicial.
O carregador Jorge de Souza, 30, afirmou que teve a casa revistada duas vezes. "Foram educados, pediram licença, mas não apresentaram nenhum papel."
O major Francisco Paiva, responsável pela divulgação das informações sobre a operação na Mangueira, afirmou que nenhuma casa foi revistada sem autorização expressa em mandado judicial.
A estudante Antonia Silva, 17, –que observava a ação dos militares tomando um refrigerante no "Buraco Quente", onde até a madrugada de sábado se comercializava drogas abertamente– afirmou que sua casa foi revistada mas os militares não apresentaram nenhum documento.
Amauri Gomes Batista, 23, afirmou que sua casa e a de seus pais foram revistadas e nenhuma documentação foi apresentada.
No 1º Batalhão da Polícia do Exército foram montados um cartório e uma delegacia extraordinários onde juízes mantêm plantão para emitir mandados de busca e apreensão necessários para as operações de vasculhamento.

Para secretário de Justiça do Estado do Rio, Arthur Lavigne, são legais as detenções de pessoas sem documentos feitas nas favelas dos morros da Mangueira e do Dendê. "É natural em todas as batidas. Não se pode chamar de prisões."
Lavigne entende que o uso de armamentos pesados e o cerco ostensivo aos morros é uma estratégia para criar "um efeito psicológico" de inibição ao tráfico.
"Essa experiência do Exército no combate ao narcotráfico é nova," disse o secretário.
Lavigne demonstrou preocupação com as informações de que há restrições ao acesso da imprensa às áreas onde está havendo ocupação militar. "Tenho sido solicitado por um grande número de correspondentes da América Latina, o que demonstra preocupação quanto a esse assunto."

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