São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Itapuí quer reduzir o uso de calmantes

Campanha enfrenta resistências

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O prefeito de Itapuí (330 km a noroeste de São Paulo), Antônio Simão (PMDB), 38, disse ontem que a campanha contra o consumo de calmantes enfrenta resistências na cidade.
"Muitas pessoas não entendem a campanha e tentam conseguir esses medicamentos. Recebo em casa telefonemas de pessoas exaltadas", disse.
Segundo Simão, a resistência partiria de "pacientes" dependentes do medicamento e insistem no consumo.
Ele afirmou que o serviço municipal de saúde não vai fornecer calmantes nem receitas para "conter o consumo".
Um estudo feito pelo Depatamento Municipal de Saúde constatou que o consumo de calmantes em Itapuí é 50% maior que a média estadual.
Segundo o diretor de saúde, médico Rui Carvalho, 41, a maioria das famílias da cidade convive com o problema do uso de tranquilizantes em casa.
Segundo Carvalho, 50% das famílias de Itapuí enfrentam problemas de parentes que são dependentes de tranquilizantes.
O médico afirmou que isso representa cerca de mil famílias. "Em cada família há pelo menos um dependente."
Carvalho disse que o uso de calmantes decorre de crises de depressão, estresse e problemas familiares e econômicos.
Ele afirmou que a campanha contra o uso de calmantes já tem resultados "satisfatórios".
"Sabemos que as pessoas que procuram cuidados estão deixando o vício."
Simão disse estar preocupado com os moradores de Itapuí que estão buscando calmantes em centros de saúde de Jaú.
O motivo, segundo ele, é que as novas receitas de calmantes são dadas em Itapuí só em casos excepcionais.
"Apelamos para que haja uma conscientização dos médicos da região para que possamos eliminar o mal", disse.
O diretor regional de Saúde de Bauru, José Fernando Monti, 36, disse que o controle na venda de calmantes é eficaz.
Mas ele atribui a uma falha no sistema de ensino da medicina a "prática medicalizante" dos profissionais do setor.
"Nossa cultura diz que quem vai ao médico precisa de medicamento." Ele disse desconhecer estatísticas estaduais recentes de consumo de calmantes.

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