São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994![]() |
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Cúpula vazia A Cúpula das Américas, convocada pelo presidente dos EUA, Bill Clinton, para de 9 a 11 de dezembro, em Miami, caminha para transformar-se em mero evento social com os mandatários convidados. Reuniões do gênero, aliás, costumam ser pouco produtivas, dado o elevado número de participantes. Foram convidados todos os chefes de Estado e/ou governo dos países americanos, com a única exceção do cubano Fidel Castro. É altamente improvável que uma reunião com tantos figurantes possa produzir frutos, ainda mais considerando-se a imensa diversidade das nações envolvidas. Parece evidente que os problemas de um país como o Brasil não podem ser equiparados aos de Honduras, por exemplo, ou do Panamá. Não se trata de discriminar entre países grandes e pequenos, ricos e pobres, mas de constatar que as urgências de uns e outros diferem profundamente para que todos possam estar à mesma mesa e dela saírem conclusões expressivas. Mas, à margem das peculiaridades estruturais de reuniões do gênero, a Cúpula das Américas viu seu temário profundamente esmaecido em função da conjuntura específica que atravessa o anfitrião, o governo norte-americano. Primeiro fato: derrotado contundentemente na eleição da semana passada, Clinton está com as mãos amarradas para negociações diplomáticas e comerciais produtivas. Segundo fato: decorrência do primeiro, o governo norte-americano tentou retirar da pauta da cúpula o tema comércio, o que mais preocupa os demais participantes. Terceiro e decisivo fato: com o esgotamento da "fast track" (via rápida), mecanismo legislativo pelo qual o Congresso autoriza o Executivo a negociar acordos comerciais, qualquer negociação comercial deve ficar no âmbito restrito das declarações de intenção. Se é apenas para isso, torna-se até discutível o nível da representação à Cúpula das Américas. Chanceleres ou ministros de Economia talvez produzissem discussões mais aprofundadas do que chefes de governo, ao menos nas circunstâncias que cercam a reunião de Miami. Texto Anterior: Ponto futuro Próximo Texto: Clinton e FHC Índice |
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