São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Hora da luta inteligente
EDIVALDO SANTIAGO SILVA A greve dos motoristas de São Paulo, ocorrida nos dias 8 e 9 de novembro, coloca a todo movimento sindical e às instituições democráticas a obrigação de uma ampla reflexão sobre a paralisação das atividades nos setores essenciais ao bom funcionamento da cidade de São Paulo.O Plano Real, cujo sucesso está ancorado no congelamento salarial, trouxe perdas a todas as categorias. No caso específico dos trabalhadores em transportes, elas já estão próximas dos 20%, e até nossa data-base, em 1º de maio, serão bem superiores, impondo pesados sacrifícios aos trabalhadores. Para evitar esses prejuízos e recompor nosso poder aquisitivo, fizemos esta greve da qual saímos sem obter qualquer benefício. Se é verdade que houve fortes pressões para que nada nos fosse concedido, é também justo reconhecer que a greve se deu numa conjuntura difícil e inteiramente adversa ao movimento sindical. Sabíamos disso e alertamos a categoria para os riscos do fracasso. Entretanto, em assembléia decidiu-se pela greve, e nós, como dirigentes, cumprimos nosso papel. Saímos da greve sem ter alcançado qualquer benefício para os trabalhadores. Ela só nos trouxe a justa antipatia dos 7 milhões de usuários dos serviços de transportes. Contudo, esse movimento mostrou-nos que é hora de buscarmos formas de luta inteligentes e democráticas para alcançarmos nossas reivindicações. Hoje, temos clareza que a paralisação dos ônibus nas garagens não significa nenhuma pressão sobre o patronato e só traz prejuízos para as demais categorias, que assim ficam impossibilitadas de se dirigirem ao trabalho, aos hospitais, às escolas e até mesmo aos locais de lazer. Nas garagens e demais locais de trabalho da categoria, já instauramos um amplo debate em busca de novos caminhos para a nossa luta e de formas de pressão que não tragam constrangimento à opinião pública. É claro que não iremos abandonar a luta, mas a faremos de maneira inteligente, com maior participação dos trabalhadores e dos usuários dos serviços. Os trabalhadores em transportes de São Paulo irão, daqui para frente, nos nossos justos movimentos reivindicatórios, dar uma lição de cidadania evitando qualquer prejuízo à população, a quem queremos apresentar um sincero e enfático pedido de desculpas pelos transtornos causados com o nosso movimento. Texto Anterior: Blitz fecha 2 lojas do Pão de Açúcar por falta de segurança e de higiene Próximo Texto: Frente fria se afasta de SP e segue para Minas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |