São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Publicidade da desestatização; Editoriais; Operação Rio; Bancos estatais; Ataques; Calmantes em excesso

EDITORIAIS

Publicidade da desestatização
"Em relação ao comentário 'Pelo ralo', feito na coluna de 6/11 último do jornalista Janio de Freitas, sobre a campanha publicitária do Programa Nacional de Desestatização, permita-me esclarecer que: 1) sem a licitação há pouco concluída, o BNDES, órgão gestor do PND, ficaria impedido de prosseguir a veiculação de publicidade legal, isto é, publicação de editais e fatos relevantes etc. indispensáveis à democratização das informações relativas ao programa de privatização, cuja divulgação, como se sabe, é exigida por lei; 2) o orçamento de gastos previstos na licitação é apenas autorizativo, ou seja, a verba não terá de ser necessariamente utilizada em sua totalidade; 3) à guisa de informação, não foram realizadas campanhas publicitárias da privatização nos dois últimos anos. Só se utilizou, nesse período, dotação orçamentária para a veiculação de publicidade legal do PND."
Pérsio Arida, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –BNDES (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do colunista Janio de Freitas – Editais são feitos pelos departamentos jurídicos das entidades, não por publicitários. Sua mera distribuição por agências só serve para doar 20% do preço de publicação. "Fatos relevantes" são publicados de graça pelos jornais. Os grosso dos US$ 10 milhões do BNDES para "publicidade das privatizações" deve destinar-se, então, ao misterioso "etc." citado pelo professor Arida.

"A Folha tem se apresentado aos seus leitores e ao povo brasileiro em geral como um bastião na defesa dos interesses nacionais, de rabo preso com o leitor, criticado por todos os políticos da direita à esquerda etc. No entanto, sua posição editorial no que diz respeito a vários assuntos de fundamental importância para o nosso futuro fica, na melhor das hipóteses, muitíssimo aquém dessa proposta. Exemplifico: a privatização de setores ora em mão do poder público e a questão previdenciária. No primeiro caso, uma série de editoriais defende simplistamente a 'doutrina' da moda: o Estado é, por definição, uma praga a ser extirpada. O problema é que nosso glorioso empresariado, após ter fracassado miseravelmente em sua missão histórica de promover a industrialização, o que obrigou o governo a criar as estatais, agora quer apossar-se do filé mignon desses setores, e só do filé, a preço de banana podre. A questão previdenciária consegue ser ainda mais sórdida: a Folha a cita genericamente como parte das iniciativas fundamentais para obter-se 'o necessário equilíbrio orçamentário', reduzindo o futuro da esmagadora maioria dos brasileiros a um detalhe menor, indigno de maiores questionamentos."'
Luiz Candido Borges (Rio de Janeiro, RJ)

Operação Rio
"Foi com indignação que vi a matéria 'Busca sem mandado é criticada', da edição do dia 21/11. A foto correspondente à reportagem é revoltante: soldados do Exército, armados com fuzis, revistando moradores de uma favela e dentre eles, com as mãos levantadas, pernas entreabertas, olhar assustado, um garoto que pela aparência não deve ter mais de 12 anos. Meu Deus, que país é este que submete crianças a tal humilhação e ainda coloca nos jornais a foto para que o mundo veja nossa fraqueza e injustiça?"
Alessandra Roberta Tamoyo (Guarulhos, SP)

"O Exército foi convocado para combater os traficantes no Rio, só que agora diz que vai tolerar o tráfico. Talvez seja o caso então de encerrar a encenação e voltar para os quartéis, de onde quiçá nunca deveria ter saído."
Marcos Moreno (Varginha, MG)

Bancos estatais
"No artigo 'Menos chá, mais cara feia', publicado em 22/11, o jornalista Josias de Souza afirma que os bancos estaduais estão falidos e induz o leitor a acreditar que a solução seria a liquidação dessas instituições. Josias, você afirma que 'alguns bancos estaduais são utilizados para financiar extravagâncias dos governadores'. Se você sabe a causa da má administração dessas empresas (ingerências políticas, benesses para amigos etc.), defenda a prisão dos envolvidos. As instituições financeiras estatais devem ser mantidas e ter seu papel social ampliado."
Marcos Aurélio Silvestre (Bauru, SP)

Ataques
"O antrópologo Felipe José Lindoso deu-nos um extraordinário exemplo Mais!, 20/11) daquilo que não pode ser um debate intelectual. O artigo da antropóloga Lilia Schwarcz (Mais!, 6/11) constitui-se numa instigante análise crítica sobre o Brasil como tema da Feira do Livro de Frankfurt, além de ser um texto sério. Merecia, portanto, ser tratado pelo sr. Lindoso com a seriedade acadêmica devida."
Sylvio José B. R. Ferreira (Olinda, PE)

Calmantes em excesso
"Foi com satisfação que li a matéria publicada neste jornal no último dia 16/11 sobre a utilização de calmantes pela população da cidade de Itapuí. Chamou-me a atenção a sensibilidade da Folha para captar questões do cotidiano, aparentemente de menor importância, mas que estão a indicar mudanças significativas do modo de vida da população. É também digna de registro a atitude das autoridades municipais daquela cidade, que souberam dar a devida importância ao problema."
Arnaldo Jardim, deputado estadual (São Paulo, SP)

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