São Paulo, sábado, 26 de novembro de 1994 |
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Relatório leva Santillo a descredenciar médicos
DENISE MADUEÑO
Os médicos e os hospitais aparecem no relatório da CPI que apurou desvio de dinheiro do Inamps. A CPI listou 453 médicos que receberam no mês de maio mais de US$ 5.000,00. Dentre eles, 26 receberam mais de US$ 10.000,00. Santillo anunciou que será feita uma devassa nas contas dos profissionais. Os auditores do ministério já têm a lista com o faturamento dos 36 últimos meses dos médicos listados pelo Sistema Nacional de Auditoria e pela CPI. Os médicos que receberam acima de US$ 5.000,00 em apenas um mês vão passar por uma auditoria analítica, em um primeiro momento. No caso dos médicos que já foram intimados a devolver o dinheiro supostamente recebido a mais e não o fizeram o descredenciamento será imediato. Dois funcionários do ministério responderão a processo administrativo disciplinar. O ministério informou que será obrigatória a identificação dos pacientes atendidos pelo serviço de ambulatório, proposta pela CPI. A comissão identificou neste serviço o "grande ralo de fraudes" no Inamps. A CPI apurou que o descaso no atendimento de ambulatório corresponde a 40% das irregularidades. A corrupção, segundo a comissão, pode ter causado prejuízo de US$ 1,3 bilhão só neste ano. A ausência de registro dos pacientes impossibilita o controle dos serviços prestados. De acordo com a CPI, a corrupção é consequência do baixo valor pago pelas consultas e serviços médicos. Enquanto o SUS paga à rede conveniada R$ 2,00 por uma consulta médica e R$ 50,00 por uma cesariana, o mesmo serviço pode custar 20 vezes mais em um hospital particular. As fraudes seriam uma forma de compensar os gastos e aumentar o faturamento dos profissionais e dos hospitais. Santillo anunciou que todas as recomendações do relatório final da CPI serão acatadas. O relatório da CPI foi aprovado na quarta-feira passada depois de quatro meses de trabalho. Entre as irregularidades, a CPI apurou que o dinheiro da saúde foi usado até para comprar chope, salgadinhos, chuteiras e meiões, no Piauí. Só no Estado, as irregularidades somaram US$ 500 mil entre 1992 e 1993. Texto Anterior: Aumento a diretores pode provocar greve Próximo Texto: Comissão do Congresso vai remanejar R$ 1 bi Índice |
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