São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994 |
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Bancos esperam as novas medidas de alívio de caixa
FIDEO MIYA
Essa é a expectativa do presidente da ABBC (Associação Brasileira dos Bancos Comerciais e Múltiplos), Antonio Hermann Dias Menezes de Azevedo, que diz ter recebido sinais nesse sentido por parte de diretores do BC. Na terça-feira, quando o BC anunciou a liquidação do Bancorp –o sétimo banco de pequeno porte quebrado desde o lançamento do real– um clima próximo ao pânico reinava no mercado financeiro, provocando pesadas baixas na Bolsa de Valores. No mesmo dia, o presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Alcides Tápias, interrompeu suas férias e foi a Brasília acompanhado de seu sucessor, Maurício Schulman, e do atual e futuro presidente da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), Léo Cochrane Jr. e Cristiano Buarque Franco Netto, respectivamente. A explicação oficial para a presença dos banqueiros em Brasília foi a entrega dos convites às autoridades federais –presidente Itamar Franco, ministro Ciro Gomes, da Fazenda, e Pedro Malan, presidente do Banco Central. Um banqueiro paulista, porém, disse à Folha que a crise de liquidez que estava quebrando os pequenos bancos foi discutida entre Malan e os banqueiros. Até porque havia o temor de um "efeito dominó" que acabasse alcançando outras instituições e travasse a troca de dinheiro no mercado interbancário, onde circulavam rumores de que dez a 15 bancos estavam no pronto-socorro dos empréstimos de liquidez do BC. No mercado interbancário, as linhas de redesconto do BC são equiparadas à entrada de um paciente terminal na UTI do hospital. Quem recorre a elas e é identificado tem o seu crédito cortado imediatamente. O presidente do BC, Pedro Malan, desmentiu os boatos, garantindo que apenas cinco bancos, entre públicos e privados, tinham recorrido ao redesconto. Malan reduziu a dimensão da crise, mas não restaurou totalmente o fluxo de dinheiro entre os bancos. "Todos querem saber quais são esses cinco bancos, para poder liberar o crédito para os demais", disse o diretor de um banco. A declaração de Malan foi acompanhada no dia seguinte, quarta-feira, por uma medida do BC que antecipou em uma semana a vigência do aumento do valor dos depósitos a prazo –de R$ 10 milhões para R$ 15 milhões– isento do compulsório de 30%. Isso representou uma folga de caixa para os pequenos bancos, que ficaram com um crédito de R$ 1,5 milhão (30% da diferença de R$ 5 milhões), correspondente ao compulsório recolhido ao BC na sexta-feira anterior. Segundo as estimativas do presidente da ABBC, Antonio Hermann, 84 bancos de pequeno porte foram beneficiados pela medida, que ele diz ter sido pleiteada pela entidade. Texto Anterior: Juro real fica menor comparado a outubro Próximo Texto: A armadilha da atual política econômica Índice |
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