São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
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Governo tenta acordo sem novos benefícios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Petroleiros e governo decidiram no final de semana as respectivas estratégias para a reabertura das negociações, amanhã, no Rio, com a Petrobrás.
O governo quer somente renovar o acordo coletivo encerrado em agosto. Os petroleiros vão insistir em obter um ganho salarial extra.
Antônio Carlos Spis, coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros) disse ontem à Folha que os trabalhadores vão cobrar um ganho financeiro para compensar a perda da reposição imediata de parte das supostas perdas do Plano Bresser, da qual devem abrir mão. "Vamos tentar viabilizar outra alternativa econômica", disse Spis. Trabalhadores e Petrobrás devem decidir na Justiça a concessão das supostas perdas do plano.
Esse acordo prevê a concessão de estabilidade relativa por um ano, reivindicação atual dos petroleiros. A estabilidade relativa quer dizer que a Petrobrás não pode demitir funcionários somente para "enxugar pessoal".
Para que as negociações sejam reabertas amanhã, a Petrobrás se comprometeu na sexta-feira passada a retirar hoje, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o pedido de julgamento de abusividade da greve da semana passada.
Independente do que venha a acontecer nas negociações de amanhã, petroleiros e Petrobrás já têm uma nova audiência de conciliação no TST marcada para quarta-feira.
O governo não acredita em nova greve se as negociações de amanhã fracassarem. Nesse caso, a tendência é a Petrobrás propor a criação de uma comissão permanente de negociação.
Relatório do Ministério do Trabalho, entregue ao presidente Itamar Franco na sexta-feira, avalia que o movimento dos petroleiros estava perdendo força com a determinação do TST de que 30% retornassem às refinarias para manter os serviços essenciais.
Na prática, os petroleiros não estavam cumprindo a determinação e diziam não ter intenção de cumpri-la. Para a FUP, o TST ficou desmoralizado desde a última greve, em setembro, quando eles desobedeceram a mesma ordem e nada aconteceu. A FUP admite, porém, que negociar fora do TST é mais interessante.
A greve da semana passada ocorreu devido ao rompimento de acordo assinado com o governo.
O acordo, fechado no dia 10, previa concessão de dois salários extras por conta de supostas perdas do Plano Bresser (1987), conversão da primeira parcela do 13º salário pela URV de junho (e não de fevereiro, data do pagamento, o que daria ganho de 38% na segunda parcela), estabilidade relativa e anistia a acusados de sabotagem.

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