São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994 |
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Barulho por uma boa causa
ALEXANDRE LENCIONI Os pais de Bruno Lencioni, aluno da Escola Experimental Morumbi que impedido de continuar frequentando o referido estabelecimento de ensino por usar brinco sob o pretexto de causar perturbações à ordem e à disciplina escolar e de lançar modismo, exercendo o direito de resposta que lhes foi concedido por este jornal, esclarecem o que segue:A escola, por intermédio de sua diretora-geral, Janet Nicolau, tentou justificar a atitude patentemente discriminatória e machista que foi tomada com relação ao nosso filho Bruno. A tentativa restou infrutífera. Procurando dar uma versão enganosa e distorcida dos fatos, Janet Nicolau asseverou em suma, que Bruno se sentiu constrangido com comentários dos colegas e pediu que o brinco fosse retirado. Por que então a orientadora da escola, Sonia Maria, em entrevista dada ao telejornal "SP Já" no dia 19/11/94, afirmou que ela mesma pediu a Bruno que retirasse o brinco porque ele estava sendo motivo de brincadeira? Como se explica a existência de duas versões declaradas publicamente pela direção e orientação da escola tão diferentes? Por que a incoerência? Se em dado momento afirmam que Bruno quis tirar o brinco, por que em outro asseveram que solicitaram a ele que retirasse o ornamento? Será que se Bruno estivesse constrangido, ele insistiria em usar o brinco até hoje, declarando publicamente que não irá em hipótese alguma tirar o adorno? Por outro lado, um dia a escola alega que o brinco não faz parte do uniforme, não admitindo uma discriminação. Entretanto, em uma entrevista dada a este jornal, em 19/11/94, o orientador Aloísio Ferreira afirmou que "o brinco não faz parte do uniforme, mas para as meninas não é proibido". Não constitui tal assertiva uma declaração pública de discriminação e preconceito? Pelo que sabemos, o que consta no regulamento a respeito do uniforme não explicita se o uso de adornos é proibido para meninos e meninas, a regra é genérica, abrangendo alunos de ambos os sexos. Ou não? Se o brinco não faz parte do uniforme por que as meninas usam brincos com total liberdade e sem restrições? Aqui vai uma sugestão: entendemos que a escola deveria reformular seu regulamento para que os alunos, os futuros alunos e seus pais não venham a enfrentar problema semelhante. Se tudo estiver realmente claro e explícito, os pais conhecerão as regras do estabelecimento em que estão ou estarão matriculando seus filhos? Finalmente, ressaltamos que a diretoria da escola, além de distorcer os fatos, aproveitou o direito de resposta que lhe foi dado por este jornal, para fazer apologia de sua reputação, de seus objetivos e de seu respeito à individualidade de cada um. Será? A Escola Morumbi defende-se. É preciso perguntar por quê? Texto Anterior: São Paulo; MInas Gerais; Espírito Santo Próximo Texto: Mato Grosso; Mato Grosso do Sul Índice |
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