São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
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Prefeitura retém verba para saúde

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeitura de São Paulo recebe dinheiro do Ministério da Saúde para melhorar a qualidade do atendimento à população nos hospitais da rede municipal. Mas não o gasta.
Na semana passada, a Folha revelou que a Secretaria de Saúde também não gasta cerca de 25% do dinheiro a que tem direito na sua fatia do orçamento municipal, o que equivale a uma "economia" de R$ 100 milhões.
Segundo relatório do Sistema de Execuções Orçamentárias (registro informatizado das despesas realizadas pela prefeitura), o município tem depositado na conta do Fundes (Fundo Municipal de Saúde) a quantia de R$ 40.723.511,00.
Até o último dia 23, a prefeitura só havia gasto, durante este ano, R$ 5.168.068,61. O resto do dinheiro permanece depositado em um banco.
Essa "economia" de recursos enviados pelo governo federal levou o deputado federal Eduardo Jorge (PT) a entrar com uma representação na Procuradoria Geral da República solicitando que a Prefeitura de São Paulo seja "compelida" a aplicar os recursos a que tem direito.
Na ação, o deputado diz que a retenção dos recursos do Fundes causa "evidente prejuízo à população da cidade de São Paulo", que estaria sendo "ilegalmente privada da eficiente prestação de serviços de saúde".
Para o vereador Adriano Diogo (PT), membro da Comissão de Saúde da Câmara, a prefeitura não usa o dinheiro do Fundes para fazer "caixa", o que facilita a obtenção de empréstimos internos e externos.
"Esse dinheiro é fiscalizado pelo governo federal e não pode ser transferido para obras viárias, por exemplo. Mas a prefeitura deixa ele no banco, servindo como garantia para seus pedidos de empréstimos", diz Diogo.
O dinheiro do Fundes é repassado pelo governo federal como ressarcimento de gastos hospitalares feitos pelos municípios. Os repasses são feitos por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).
Toda a aplicação de dinheiro do Fundes é feita mediante autorização do Conselho de Orientação do Fundes. Do órgão, fazem parte representantes do Conselho Municipal de Saúde, da Câmara, dos servidores públicos, das secretarias das Finanças e da Saúde, entre outros órgãos.
Em despacho publicado no Diário Oficial no último dia 10, o secretário da Saúde, Silvano Raia, proibiu novas despesas na conta Fundes e cancelou todas as autorizações de gastos já aprovadas, mas não efetivadas, que foram pedidas pelo Conselho.

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