São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
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Bienal profissionaliza gestão

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Os organizadores da 22ª Bienal Internacional acreditam que o evento estabeleceu no país a profissionalização da administração da área cultural.
O esquema de patrocínio da mostra, inédito, envolveu procedimentos empresariais, como a contratação de auditoria independente, o patrocínio com ênfase no marketing cultural e deduções no Imposto de Renda.
O resultado é a possibilidade de bancar um custo de US$ 4,5 milhões para trazer para São Paulo os representantes de 71 países, no segundo maior evento no mundo das artes plásticas depois da centenária Bienal de Veneza (Itália).
O banqueiro Edemar Cid Ferreira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo e do Banco Santos, montou a estratégia para que o evento este ano desse lucro.
O trabalho começou há um ano e oito meses com a contratação da Price Waterhouse, que passou a fazer a auditoria permanente dos pagamentos e receitas da fundação, realizar a contratação de profissionais no mercado e montar a estrutura organizacional.
Receitas
As receitas da fundação vinham basicamente do aluguel do prédio de 25 mil metros quadrados da Bienal no Parque Ibirapuera, em São Paulo, para feiras e exposições industriais e comerciais.
A direção decidiu concentrar mais os esforços na internacionalização da cultura.
Para isso, procura agora realizar o financiamento das atividades através do apoio com o marketing cultural de empresas públicas e privadas.
Reuniu como patrocinadores da 22ª Bienal nada menos que 27 empresas que destinaram uma verba global de R$ 2,7 milhões.
Os patrocinadores receberam como reciprocidade uma placa vinculando o nome da empresa a salas especiais na Bienal dedicadas a artistas renomados.
Eles puderam também realizar anúncios por quase metade do preço através do uso da Lei Rouanet, que envolve doações e permite deduções no Imposto de Renda, além dos benefícios diretos de vincular o nome da empresa a eventos culturais.
Livros
As empresas tiveram também seus nomes divulgados como patrocinadoras em dois livros editados pela Fundação sobre as salas especiais e sobre os artistas. Os livros custam R$ 120,00 cada.
Cid Ferreira diz que espera arrecadar R$ 1,2 milhão com a venda desses livros, que trarão o logotipo da empresa que adquirir para distribuição junto a clientes.
Cid Ferreira estima uma arrecadação de R$ 2 milhões com a venda de 500 mil ingressos –a R$ 4,00 cada– durante o evento que vai até a próximo dia 11 de dezembro.
A mostra deste ano tem também como novidade a transformação do terceiro andar do prédio da Bienal em um espaço museológico permanente.
Para tanto foram construídas condições básicas para abrigar as obras mais famosas do mundo, tais como, controle de temperatura, de umidade, de fumaça, de fogo e forte esquema de segurança.
A Fundação Bienal recebeu da Prefeitura do Município de São Paulo mais R$ 600 mil.
A participação das empresas públicas e privadas permitiu também trazer grande número de pessoas das mais diversas regiões do país, como escolares de nível médio.

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