São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 1994 |
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Taxa de desnutrição é igual desde 89 no NE
ARI CIPOLA
O número de crianças desnutridas de até 5 anos é o mesmo desde 1989 no Nordeste e há tendência de crescimento no Sul. Essas conclusões constam do relatório anual do Consea (Conselho de Segurança Alimentar) - integrado por nove ministros e 15 representantes da sociedade civil, entre eles, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. O documento, a ser divulgado oficialmente hoje, aponta a desnutriçào como um dos problemas emergenciais que o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, terá de resolver no início do governo. O objetivo do documento, extraído do Projeto Criança Contra a Fome e pela Vida, é o de fazer o perfil dos desnutridos e propor parceira com os governos para solucionar o problema. O documento traz o resultado do levantamento feito com 300.377 crianças de 295 municípios de 15 Estados e Distrito Federal no decorrer deste ano. O Consea não estabeleceu um índice nacional de desnutrição porque foram adotados métodos diferentes para a realização do levantamento. Os técnicos estabeleceram a relação de peso e idade de todas as crianças para identificar o grau de desnutriçãoaaa. É considerada desnutrida a criança com peso abaixo de um patamar pré-estabelecido para sua idade. Entre os dados do relatório, a cidade de Tubarão (SC) tem o menor índice do ppaís. Apenas, 1,8% das 1.397 crianças examinadas são desnutridas. O maior índice foi registrado no município OLHOS D'ÁGUA , no sertão da Paraíba, onde 70,4 % das crianças são desnutridas. Segundo o relatório, Curitiba (PR}, é a que apresentou o maior índice de desnutrição - 32,8% de um total de 16.347 crianças examinadas - na região Sul. O índice de Curitiba está próximo aos do NOrdeste e foi levantado oficialmente pelos Sisvan (Sistema de Vigilância Nutricional). O documento do Consea aponta crescimento de 2,5% nos desnutridos do Rio Grande do Sul. Nas regiões Norte e Centro-Oeste os índices também são altos. Em Porto Nacional (TO), foram examinadas 1.060 crianças, sendo que 42,64% delas apresentam desnutrição. No Distrito Federal, 23,5% das 17.000 crianças estão desnutridas. As cidades-satélites e assentamentos têm os casos mais graves. A OMS (Organização Mundial de Saúde)considera o índice de desnutriçào como normal quando o limite representa até 2% do toal pesquisado. Segundo Maria do Carmo Freitas, que coordenou o projeto, os índices mostram que, por abranger, os "bolsões de miséria", a taxa de mortalidade infantil pode aumentar no início de 95, principalmente no Nordeste. Os índices de mortalidade infantil de 94 em muitas cidades do Nordeste superaram o recorde mundial do Níger (país do norte da África), que é de 171 mortos para cada mil crianças nascidas vivas. Texto Anterior: Desabamento mata um e fere quatro em SP Próximo Texto: Desnutrição cria geração de nanicos Índice |
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