São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 1994
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Acusado de matar rapaz é absolvido

'Álibi é incontestável' afirma acusação

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A acusação pediu e o júri confirmou ontem a absolvição de Breno Gustavo Santiago Martins, 19, um dos acusados de participar da morte do estudante Marco Antônio Velasco, 16, em agosto do ano passado.
Depois de oito horas de julgamento (o mais rápido deste processo), Breno deixou o Tribunal de Júri do DF (Distrito Federal) no carro dos pais e sob aplausos de parentes e amigos. A família de Marco Antônio foi embora antes da leitura da sentença.
Breno era o único dos 11 acusados a apresentar álibis que a acusação não conseguiu derrubar. Ele foi reconhecido por uma caixa de um supermercado em que fazia compras com a mãe, na hora do assassinato.
Marco Antônio foi espancado até a morte por integrantes da gangue Falange Satânica, em 10 de agosto de 1993.
Dez acusados, jovens entre 14 e 22 anos, já foram julgados e condenados. Os maiores de idade cumprem pena no Núcleo de Custódia, em Brasília. Os cinco menores estão internados no Caje (Centro de Apoio ao Jovem), onde vão permanecer por mais dois anos.
O advogado de acusação Antônio Carlos de Almeida Castro defendeu a inocência de Breno. Ele afirmou que os álibis eram "incontestáveis".
A caixa do supermercado, Hildener da Conceição Maciel, confirmou ter atendido Breno e sua mãe no horário em que Marco Antônio estava sendo espancado pela gangue. O porteiro do prédio de Breno, José Ataliba Torres, disse tê-lo visto chegar em casa com as compras naquele dia.
O advogado Castro disse que a absolvição foi pedida pela família de Marco Antônio, que não deixou "o sangue cobrir os olhos e condenar alguém que pode ser inocente."
A defesa de Breno preferiu sustentar-se em apelos religiosos. A advogada Maria das Graças Leão, prima de Breno, repetia que a família, adepta do espiritismo, acreditava ser o julgamento uma "provação".
Enquanto o juiz César Laboissiére lia a sentença, mais de 80 pessoas aguardavam, do lado de fora do Tribunal. Ele estava preso havia mais de um mês no Núcleo de Custódia.

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