São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 1994
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Parlamento dá voto de confiança a Major

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

O primeiro-ministro britânico, John Major, conseguiu aprovar ontem à noite o projeto que aumenta a contribuição anual do Reino Unido à União Européia.
O aumento foi aprovado por 330 votos a 303. O resultado sufoca a rebelião da extrema direita do Partido Conservador e evita a convocação de novas eleições.
Apesar do resultado, a crise no partido do governo continua. Oito parlamentares conservadores se abstiveram na votação, definida por Major como um voto de confiança no governo.
Na semana passada, o premiê disse que renunciaria e convocaria eleições se o projeto não fosse aprovado, atitude que causou indignação de alguns conservadores.
A oposição trabalhista aproveitou o dia para explorar a crise e enfraquecer a influência de Major.
O debate sobre a contribuição à UE foi aberto pelo ministro das Finanças, Kenneth Clarke. Ele defendeu o projeto como o cumprimento de um compromisso internacional, assumido em 1992, durante uma reunião da UE.
Major preferiu ficar em silêncio, o que foi explorado pelos trabalhistas como sinal de fraqueza. Por se tratar de uma moção de confiança, esperava-se que o premiê iniciasse a discussão.
"Nós testemunhamos durante o debate cenas de guerra civil aberta, o que mostrou a real situação do Partido Conservador", disse o trabalhista John Prescott.
Até amanhã, os rebeldes ainda podem questionar a liderança de Major e tentar escolher outro premiê. Para isso, precisam de 34 assinaturas de parlamentares do partido. O parlamentar Edward Leigh defendeu a eleição de um novo líder, apesar de ter votado ao lado do governo. "Major pode concorrer e até vencer, mas deixem que os parlamentares decidam", disse.
O preferido dos rebeldes para o posto seria o ministro do Trabalho, Michael Portillo, um dos maiores críticos da União Européia. Mas Portillo já demonstrou lealdade a Major ao apoiá-lo no voto de confiança de ontem.
Hoje o premiê enfrenta novo desafio, com a votação do projeto que eleva de 8% para 17,5% o imposto sobre combustíveis.

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