São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Comandante nega torturas

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O comandante da ESG (Escola Superior de Guerra), tenente-brigadeiro Sérgio Ferolla, disse ontem não duvidar da possibilidade de um soldado ter "maltratado fulano, revistado alguém com mais um pouquinho de violência" durante ações da Operação Rio.
Ele negou, porém, as acusações de tortura. Segundo ele, não há possibilidade de um soldado ter torturado pessoas "em um altar" (uma referência às acusações do padre da igreja do Borel -morro na zona norte- Olinto Pegoraro).
Ferolla atribuiu essas acusações a "interesses contrariados" pela ação das Forças Armadas. Ele comparou a atuação das Forças Armadas ao "caminhar sobre a lâmina de uma navalha".
Admitiu que a operação poderá frustrar uma parte da população que espera o fim do tráfico e, ao mesmo tempo, arranhar a imagem das Forças Armadas diante de acusações de tortura e outras violações de direitos constitucionais.
"É muito perigoso. As Forças Armadas são preparadas para a guerra e, em situações como a atual, não podem agir com a plenitude da guerra", disse.
Segundo ele, os soldados não são treinados para as funções de polícia. De acordo com Ferolla, isso ajuda a explicar a ocorrência de "distorções".
"O soldado é preparado para destruir, já a polícia tem uma função social", afirmou.
Ferolla disse ser contrário à possibilidade de uma extensão da presença das Forças Armadas no Rio. Segundo ele, as tropas entraram em ação para mostrar a existência de autoridade. Concluído este trabalho, suas tarefas devem ser transferidas à polícia e para os órgãos de atuação social do governo.
Pela manhã, ao abrir o 2º Encontro da ESG com a Mídia, Ferolla disse que a violência tem causas sociais.

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