São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Mãe obriga filho a andar nu pelas ruas

DA FOLHA ABCD

O garoto D.A.M.S, 10, foi obrigado por sua mãe, Rosemeire Monteiro dos Santos, a andar nu pelas ruas do bairro de Jardim Boa Sorte, na cidade de Ribeirão Pires (SP), no último sábado.
Ela despiu o menino e amarrou em seu pescoço um barbante, preso a duas cartolinas, nas quais escreveu a palavra "ladrão". Depois, mandou o filho ir para a rua.
D.A.M.S. foi acusado por Rosemeire de ter furtado R$ 5,00 de sua carteira. Os maus-tratos ao garoto geraram revolta entre os moradores do bairro.
A polícia foi avisada por telefonema anônimo de um morador do bairro. A mãe e o menino foram levados à delegacia central de Ribeirão. Rosemeire foi liberada depois de pagar fiança de R$ 25,00.
"Foi uma humilhação, coitadinho do menino. Juntou um povão para vê-lo pelado com a placa nas costas", disse a dona-de-casa Rosa Maria Acássio Barbosa, 47.
Rosa é casada com o cunhado de Rosemeire, Miguel Barbosa. A família divide um sobrado na rua Boa Sorte, onde Rosemeire ocupa o andar de cima há três meses.
Segundo Rosa, D.A.M.S. pegou R$ 5,00 da carteira do tio. "Mas isso não é motivo para um castigo como esse." De acordo com Rosa, "a vila inteira está revoltada com Rosemeire e os parentes não a querem mais". "Acho que ela vai ter que voltar para Santos."
Rosemeire não trabalha e é mãe de quatro filhos. D.A.M.S é seu segundo filho e cursa a segunda série da EEPG Fortunato Arnoni, no bairro Boa Sorte.
"Isso foi a gota d'água. Depois do que fez, ela disse que não sabia que era proibido bater em criança", disse Rosa. Conforme ela, o pai dos dois filhos menores de Rosemeire, R.M.S., 6 e M.M.S., 7, quer a guarda dos meninos.
Ontem, a reportagem da Folha esteve na casa de Rosemeire e foi informada pelos vizinhos de que ela teria saído de carro com seu irmão Maurici Monteiro.
Rosemeire foi indiciada em flagrante por constrangimento ao menor. O caso será encaminhado ao Conselho Tutelar do Menor de Ribeirão Pires, entidade que existe há um ano e cuida, atualmente, de 230 casos envolvendo menores.
"Nossa primeira providência será encaminhar a mãe para uma avaliação psicológica na Secretaria da Saúde", disse a presidente da entidade, Aparecida Elvira Rege, 62. Segundo ela, em casos graves de maus-tratos a crianças, elas podem até ser retiradas da família.

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