São Paulo, quinta-feira, 1 de dezembro de 1994
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Seminário com FHC discutirá papel do Brasil na nova ordem internacional

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Sob o título "O Brasil e as Tendências Econômicas e Políticas Contemporâneas" começa amanhã o seminário que durante dois dias vai reunir no Itamaraty, em Brasília, mais de 60 intelectuais –18 deles estrangeiros– em torno do presidente eleito, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Coordenado pelo também sociólogo Luciano Martins, amigo e assessor de FHC, o evento pretende discutir a inserção do Brasil na ordem internacional tendo como referência principal as diretrizes de governo expostas pelos tucanos durante a campanha eleitoral.
A globalização da economia e o lugar reservado ao Brasil no novo contexto internacional ocupam o primeiro dia de debates. Em outras palavras, trata-se de discutir em que termos o país deve participar do chamado "Consenso de Washington", expressão que, embora rejeitada pelos tucanos, foi usada pelos adversários na campanha para resumir o que a eleição de FHC representa para o Brasil.
"Consenso de Washington" designa a estratégia do FMI para ajustar as economias dos países subdesenvolvidos ou periféricos.
A exposição de abertura do seminário será feita pelo professor Colin Bradford, economista do Bureau de Coordenação de Programas e Políticas Públicas, de Washington.
A seguir, o sociólogo espanhol Manuel Castells fala sobre as implicações econômicas e sociais da terceira revolução tecnológica, impulsionada pela informática e a microeletrônica.
Numa perspectiva periférica, como é a brasileira, a questão que se coloca é a da impossibilidade de se competir com os países desenvolvidos na corrida tecnológica. No âmbito mundial, o novo "boom" tecnológico coloca o problema do desemprego estrutural e generalizado, já que o capital passa cada vez mais a prescindir da mão-de-obra para se reproduzir.
O debate de amanhã se encerra com a exposição de Luciano Martins sobre a reorganização do poder mundial. As consequências da vitória do capitalismo sobre mundo socialista deve pautar o debate.
No sábado, haverá apenas duas exposições, ambas seguidas de debates. A primeira, sobre os desafios de estabilização e crescimento econômico na América Latina, fica a cargo do economista Roberto Frenkel, diretor do "Centro de Estudos de Estado e Sociedade" da Argentina. Frenkel foi um dos formuladores do Plano Austral.
O encerramento do seminário será feito pelo sociólogo francês Alain Touraine, professor da "Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais" de Paris.
O tema de Touraine será "Os Novos Parâmetros do Pensamento Político". Estarão debatendo com ele, entre outros, o historiador britânico e socialista convicto Eric Hobsbawm, o cientista político polonês Adam Przeworski e o cientista político Francisco Weffort, filiado ao PT.

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