São Paulo, quinta-feira, 1 de dezembro de 1994
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O futebol não pode ser só de São Paulo

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, como foi dito aqui, é uma injustiça que o Santos tenha sido desclassificado das semifinais do Campeonato Brasileiro.

Mas eu insisto na tese de que a presença de Estados importantes como o Rio e Minas (embora o Atlético tenha entrado pelo critério maluco da repescagem) são fundamentais para o futebol brasileiro.

No médio e no longo prazo, se a força deste esporte ficar circunscrita a São Paulo, o negócio futebol encolherá no Brasil.

Não estou advogando em defesa de regionalismos, inchaço do torneio para garantir a presença de este ou aquele Estado, maracutaias etc.
Não. O campeonato deve ser enxuto e com normas técnicas irretocáveis. Se der só paulistas, ok. Mas o ideal é que o futebol cresça horizontalmente no Brasil.

Em fevereiro deste ano, recortei do jornal espanhol "El País", um artigo de Javier Marías sobre o ódio dos torcedores do Barcelona contra o Real Madrid (Marías é torcedor do Real).
Recortei mas não li o artigo. No último sábado, com a televisão ligada aqui na Redação, retirei o artigo amarelecido, guardado por meses em uma pasta.
Estava esboçando um texto sobre o Barça e achei interessante ler a opinião sobre o time de Romário formulada por um ácido inimigo madrilheno. Tratando-se de ódio, o artigo é ótimo.
Javier Marías diz que a atual época de triunfos (ele escreve no início de 94, não se esqueça) do Barçelona não combina com o time, que é tradicionalmente "melancólico, com jogadores delicados e dados à depressão".
Ele faz referência ainda ao "hamletismo de uma torcida que sabe interpretar como nenhuma outra o papel do vacilante e o derrotado".
A dada altura, Marías diz que o vídeo que todo torcedor do Real tem em casa é o da histórica vitória de 7 a 3 sobre o Eintrach Frankfurt, na final da quinta Copa da Europa, com Puskas comendo a bola.
Pois bem, naquele exato instante, na tarde de sábado, o programa "Grandes Momentos do Esporte", na TV Cultura, exibia exatamente os dez gols desta partida memorável do Real Madrid.

Foi o meu primeiro caso (ou acaso) de leitura ilustrada pela TV –coisa que o CD-ROM está aí para resolver. E uma extraordinária coincidência, tema que animava o botafoguense Otto Lara.
Aliás, aquela mesma coincidência que pemite ao artilheiro estar no lugar certo e na hora certa de fazer o gol.

Hoje é dia de saber se, durante a repescagem, o Atlético virou um time digno de estar entre os oito melhores do Brasil.

TVs e revistas em alta movimentação para 1995. É o boom do segmento esportivo no Brasil. Vem coisa por aí!

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