São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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'Bissamblazz' funde samba e jazz no Sanja

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Show: Magno Bissoli & Ensemble Brasileiro
Músicos: Odésio jericó (trompete), Vitor Alcântara (sax tenor e flauta), Alexandre Mihanovich (guitarra), Lito Robledo (contrabaixo), Paulo Falanga (percussão) e Magno Bissoli )bateria).
Onde: Sanja Jazz Bar (r. Frei Caneca, 304, tel. 255-2942, Bela Vista, região central)
Quando: de terça a quinta, às 22h, sexta e sábado, às 23h30. Até dia 8
Quanto: R$ 7,00 (couvert artístico).

O samba e o jazz se encontram com muita intimidade no primeiro disco do baterista Magno Bissoli com o Ensemble Brasileiro. É o que o público de São Paulo pode comprovar ao vivo, até dia 8, durante a temporada do grupo no Sanja Jazz Bar.
"Várias das músicas desse disco foram inspiradas pela saudade do Brasil", diz o baterista e compositor paulista, que viveu na Dinamarca entre 1981 e 1984. De lá para cá, Magno tem voltado com frequência à Europa para exibir seu trabalho, incluindo a parceria com o trombonista Niels Neergaard.
Depois de produzir e gravar os dois álbuns da Banda Savana, que formou em 1988 com músicos de São Paulo, Magno sentiu vontade de registrar suas composições mais antigas, que ainda não tinham chegado ao disco. Junto com dois antigos parceiros, o baixista Lito Robledo e o guitarrista Alexandre Mihanovich, ambos de ascendências argentina, formou no ano passado o Ensemble Brasileiro.
Gravado em agosto de 93, durante show no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, o CD "Bissamblazz" destaca seis composições de Magno, além de três de Mihanovich. Produção independente do próprio baterista, o álbum também está saindo sai na Dinamarca pela Libra Music e nos EUA pela New World.
"Esse disco é um coquetel de ingredientes musicais conhecidos, mas com um sabor novo", define o músico de 38 anos, que mistura samba, jazz, salsa e bossa nova em suas composições. Mas não se trata de ecletismo. "É música nascida da cultura afro-americana, que influenciou diversas regiões do continente americano", explica.
Fã da bateria do bossa-novista Edson Machado, Magno está longe de ser um purista. "Não dá para você dizer que só vai fazer música brasileira. Quem pode dizer exatamente o que é brasileiro na música?", questiona.
Assumindo influências dos bateristas norte-americanos Art Blakey e Elvin Jones, entre outros jazzistas, Magno diz que em momento algum pensou em restringir o repertório do disco à música brasileira. "Temos muita ligação com o jazz e deixamos que isso fluisse da melhor forma possível."
A audição de "Bissamblazz" confirma as influências. A começar da sonoridade puxada pela combinação de sax tenor e trompete, presente em várias faixas, que remete aos característicos quintetos de "hard bop" dos anos 50.
As misturas rítmicas se revelam orgânicas e enriquecedoras. A introdução de "Desta Vez um Samba", o samba que abre o CD, é tipicamente jazzística. Não fosse a levada de salsa, "Waves at All", poderia ser facilmente interpretada como um "bebop". Já a balada "Vomimbora" é temperada com ritmo de samba-canção.
Magno aproveita os shows no Sanja para lançar também a segunda edição de seu método didático "O Balanço do Samba para Bateristas", já distribuído nos EUA. Tanto esse livro como o CD "Bissamblazz" podem ser adquiridos diretamente pelo tel. 011/67-7788 ou pelo fax 011/825-6875.

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