São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ford e Volks anunciam fim da Autolatina;Nova direção

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ford e Volks anunciam fim da Autolatina
As duas montadoras decidem acabar com as operações conjuntas no Brasil e na Argentina a partir de 1995
Agora é oficial. A Ford e a Volkswagen anunciaram "a gradual separação de suas operações no Brasil e na Argentina" a partir de 1995. É o final de uma união que durou oito anos e que teve início em julho de 87 com a criação da holding Autolatina.
Segundo comunicado oficial, divulgado simultanêamente no Brasil, Argentina e nas matrizes das duas montadoras, o objetivo é completar "até dezembro de 95" o processo de separação e decretar o fim da holding.
Até lá a Autolatina "permanece legalmente responsável pelas operações da Volks e da Ford no Brasil e na Argentina".
A decisão foi tomada após "cinco meses de estudos conjuntos". O resultado dos estudos, segundo o comunicado, mostrou que "a Volkswagen e a Ford estarão melhor capacitadas a competir e fortalecer suas marcas nos mercados do Brasil e da Argentina, no futuro atuando separadamente".
Em 87, quando houve a fusão, a Volkswagen tinha 40% do mercado brasileiro e a Ford, entre 21% e 22%. Atualmente a Volks tem 34% e a Ford, 13%.
As duas marcas pretendem reverter essa queda. A Volks quer voltar o seu marco histórico de 40%. A Ford quer sair do quarto lugar entre as montadores.
Pierre-Alain De Smedt, presidente da Autolatina, e agora também presidente da Volkswagen do Brasil, afirmou, durante entrevista à imprensa, que a separação das marcas foi decidida porque "mudou a situação no Brasil".
"Com uma economia aberta, onde entram no mercado os mais modernos veículos importados, Volks e Ford não podem mais produzir veículos que não fazem parte da estratégia global das marcas".
Segundo Smedt, a Autolatina é uma empresa bem-sucedida e atingiu os objetivos de otimizar a produção no país, quando a economia era fechada. "Agora é preciso obter uma economia de escala em nível mundial", afirma.
As duas empresas chegaram a um acordo básico sobre a partilha dos bens da Autolatina. "Cada uma das empresas volta a ter as fábricas e os imóveis que possuía antes da fusão", diz Smedt.
Ou seja, a Ford fica com a fábrica de caminhões do Ipiranga e a unidade de Taboão, em São Bernardo do Campo, onde são produzidos o Escort, Logus e Pointer.
A Volkswagen mantém as unidades da Anchieta e de Taubaté. O acordo fechado pelas duas montadoras prevê que a Ford continuará fabricando os caminhões da Volks no Ipiranga e vendendo os veículos para a concorrente.
O mesmo deve ocorrer em relação ao Logus e ao Pointer, montados na fábrica da Ford. "Não vamos tirar nenhum desses modelos de linha", garante Smedt.
Ele disse que "a longo prazo" a Volkswagen pretende ter uma nova fábrica para produzir seus caminhões. Mas não deu prazos para a construção da nova unidade.
Smedt não quis falar sobre os custos da operação de separação das empresas. "Não olhamos para os custos, mas para os efeitos positivos que a medida trará para o futuro das duas empresas".

Nova direção
O anúncio da separação foi feito em São Paulo por Smedt e por Ivan Fonseca e Silva, vice-presidente da Autolatina e agora também presidente da Ford do Brasil. Eles divulgaram os nomes dos executivos das duas montadoras para o período de transição.
Na Volks, o atual presidente, Miguel Barone, responderá pelo setor de marketing e vendas. O diretor-técnico será B. Wiedemann. Miguel Jorge fica com a área legal e de recursos humanos. O setor de finanças será ocupada por Juan Pedro Ocerin.
Na Ford, Gurminder Bedi, diretor-superintendente da Autolatina, assume o cargo de presidente das operações Ford no Brasil e Argentina. O atual presidente, Udo Kruse, fica com a área de vendas.
A atual direção da Autolatina será mantida durante a finalização dos acordos de separação.

Texto Anterior: Mercado futuro reage com queda nos juros
Próximo Texto: Holding fatura US$ 8 bi em 94
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.