São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
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Djavan busca origem rural em novo disco

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um intervalo de três anos, o alagoano Djavan, 45, lança mais um disco, "Novena". Um trabalho acústico carregado de atmosfera rural.
No disco, Djavan trabalha com menos instrumentos e dispensa os recursos tecnológicos de teclados. Tudo para empreender sua viagem sentimental, um retorno às origens nordestinas.
"A redução do instrumental foi a motivação para fazer o disco. Eu vinha trabalhando com sete músicos e entre eles com dois tecladistas, o que alarga a possibilidade sonora para o infinito. Fazer arranjos e compor sobre um universo sonoro reduzido é diferente" diz.
Ele restringiu o uso do teclado a poucas músicas. "Gostei muito de fazer um disco realmente acústico, com instrumentos originais. É necessário ser muito mais preciso nos arranjos", explica.
"O teclado mudou a música no mundo, mas está começando a ser visto como um instrumento que não pode monopolizar todas as ações musicais da maneira predatória como vinha sendo feito".
O próprio Djavan já usou muito teclado. Agora cansou. Mas essa preferência pelo acústico não significa aversão à tecnologia. Ele conta que foi sampleado nos EUA, mas não se importa.
"Procuro criar uma célula musical nova. Até hoje, não usei sampler. Mas pode ser que aconteça. Não vejo nada de mal nisso", diz.
Outra novidade em "Novena" é que, pela primeira vez, Djavan foi para o estúdio sem as músicas prontas, apenas com idéias definidas. Acabou elaborando as canções junto com os arranjos.
Mas a atmosfera rural foi tecida fora do estúdio, no sítio em Sambaetiba (interior do estado do Rio de Janeiro). "Tenho vivido muito no campo, lidando com o gado, com coisas da natureza. E o disco remete ao lado 'rústico-rural-nordestino' da minha infância", diz
Essa viagem sentimental começou com a descoberta de uma foto de Djavan aos 4 anos, pinçada entre tantas outras, e que ilustra a capa do disco. "Antigamente, quando os meninos tinham lombriga, tomavam óleo de rícino. É a coisa mais horrorosa da face da Terra. Para isso ganhavam uma recompensa. A minha foi tirar a foto".
Uma grande turnê deve promover o disco. O giro começa pela América Latina, no final de fevereiro. Em abril, o show vai para o Rio de Janeiro e segue para São Paulo. Djavan pretende rodar o Brasil e vai levar o espetáculo para os EUA, Europa e Japão.

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