São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
Próximo Texto | Índice

Zedillo quer nova Constituição

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O novo presidente mexicano Ernesto Zedillo prometeu fazer reformas constitucionais e eleitorais para sanear a Justiça e deixar "para trás as dúvidas e controvérsias sobre a legalidade" das eleições.
Zedillo tomou posse do cargo ontem na Câmara dos Deputados em uma cerimônia tranquila, diferente da maioria das posses de seus antecessores.
A única manifestação da oposição presente à Câmara foi fazer o sinal da vitória com os braços erguidos nas duas ocasiões em que se tocou o hino mexicano. Normalmente havia cartazes e vaias aos presidentes pertencentes ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que se sucedem no poder há 60 anos, sempre sob acusação de fraudes nas eleições.
Um forte esquema de segurança, com a presença do Exército e das várias corporações da polícia, cercou a Câmara dos Deputados. A população não teve acesso à cerimônia.
Em seu discurso de posse, Zedillo convocou "todos os partidos" e "todas as organizações sociais" do país para realizar um "reforma definitiva". O objetivo é a "democratização integral do país" e a construção de "um presidencialismo melhor equilibrado".
Falando sobre os líderes do PRI assassinados neste ano –o candidato a presidente Luis Donaldo Colosio e o secretário-geral do partido Francisco Ruiz Massieu–, Zedillo comentou que "as investigações não satisfizeram a cidadania". O presidente prometeu "uma iniciativa de reforma constitucional para uma profunda transformação do sistema de Justiça".
A procuradoria-geral da República ficará a cargo de Antonio Lozano do Partido Ação Nacional (PAN), único integrante da oposição do gabinete de Zedillo. Zedillo disse que lhe dará instruções para seguir as investigações –que apontam para o envolvimento de importantes chefes do PRI nos crimes– "até o fim".
Zedillo disse querer chegar a um acordo com o Exército Zapatista de Libertação Nacional, organização que iniciou um movimento guerrilheiro no Estado de Chiapas no começo deste ano.
As negociações no momento estão interrompidas. O novo presidente disse confiar em que "não haverá violência da parte daqueles que estão inconformados".
"Muitos milhões de mexicanos tem carência do indispensável e vivem em uma pobreza que indigna à nação", disse Zedillo sobre dar prioridade ao combate à pobreza. Economista, Zedillo se atém ao programa de austeridade e abertura ao acordo comercial com EUA e Canadá (Nafta) que caracterizou a política econômica de seu antecessor Carlos Salinas.
Em artigo publicado ontem no "Miami Herald" o poeta e escritor mexicano Octavio Paz pediu que Zedillo se comprometa a não indicar seu sucessor. A prática –chamada de "dedaço" pelos mexicanos– foi seguida por todos os presidentes priístas que indicam sozinhos o candidato do partido.
"Estamos na metade do caminho", disse Paz sobre a democratização do México.

Próximo Texto: Chile pode ser novo integrante do Nafta; Juiz autoriza fotos de Paula Jones seminua; Gingrich vai lançar novela erótica; Obra de Schumann tem preço recorde
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.