São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994 |
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Até Pelé ficou sob vigilância
DA REPORTAGEM LOCAL Em 1970, até o jogador Pelé esteve sob vigilância do Deops. Agentes relataram que Pelé, que era titular da seleção brasileira de futebol que disputava a Copa do México, teria sido "abordado por comunistas".Os comunistas teriam tentado convencer Pelé a "assinar manifestos" contra o governo militar. Pelé recusou. O artista plástico Lasar Segall foi alvo de uma controvérsia entre diferentes setores da arte. Um relatório garantia: "Ele é comunista e usa da arte para fazer propaganda do credo vermelho." Outro relatório dizia que Segall não era comunista, "apesar de ser russo". O roqueiro Raul Seixas foi chamado a depor no Deops para explicar a letra de protesto da música "Ouro de tolo". Um dos interrogadores lhe perguntou se a música era um ataque ao cantor Roberto Carlos. Seixas disse que o ataque era ao "sistema representado por Roberto Carlos". A ficha de Raul Seixas ressalta sua ligação com o "subversivo" Paulo Coelho, seu parceiro na composição de músicas. Coelho, hoje autor de best-sellers esotéricos, aparece no arquivo do Deops como militante do clandestino PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário). Coelho é descrito como um "quadro teórico" importante do PCBR, onde usava o codinome "Henrique". Contra o cantor Gilberto Gil, o Deops recolheu o depoimento de um suposto traficante de drogas, Antonio Carlos Martins. O relatório diz que Gil seria consumidor de "pó de sonho", numa referência à cocaína. Gil é descrito no seu dossiê como um "filocomunista". Há erros grosseiros nos dossiês. O da atriz Fernanda Montenegro diz que ela era filha da escritora Cecília Meirelles. A filha de Cecília Meirelles é a atriz Maria Fernanda. Texto Anterior: Equipe salta de ficha do Deops para o poder Próximo Texto: Escritor critica a forma de privatizar Índice |
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