São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994
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Policiais e moradores trocam tiros em favela

Eles acusam PM de matar adolescente

LUÍS EDUARDO LEAL
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Moradores da favela do Arará, em Benfica (zona norte do Rio), acusam um PM de matar com uma rajada de metralhadora o funcionário de locadora de vídeo Gilmar Rosa Ataíde, 19, ontem de manhã.
Revoltados, cerca de cem moradores tentaram bloquear o trânsito na rua Leopoldo Bulhões, um dos principais acessos à favela.
Durante o protesto, policiais militares trocaram tiros em uma linha férrea com o grupo de Leandro Vieira, 18, o Teco, um dos líderes do tráfico no complexo do Arará.
No final da tarde, os traficantes determinaram o fechamento do comércio na favela porque Teco e o traficante conhecido como Cabeça teriam desaparecido.
A morte do comerciário Gilmar Ataíde revoltou os moradores. Ataíde fazia entregas de fitas de vídeo quando foi abordado por PMs, por volta das 10h30. Segundo testemunhas, o rapaz –negro, de bermudas e sem camisa– pedalava a bicicleta que costumava usar no trabalho quando os PMs ordenaram que parasse.
O rapaz estava desarmado e obedeceu à ordem. Ainda de acordo com testemunhas, o soldado Gomes, do 22º Batalhão da PM, teria então disparado.
Para o comandante do 22º BPM, coronel Lindolfo, os PMs entraram na favela atrás de Ataíde, que estaria em uma moto e teria atirado contra os militares ao receber ordem para parar.
Os soldados, diz Lindolfo, ficarão presos até que Inquérito Policial Militar esclareça as circunstâncias da morte comerciário.

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