São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994
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BC prevê companhias hipotecárias para 95

GUSTAVO PATU; TELMA FIGUEIREDO

GUSTAVO PATÚ; TELMA FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

As companhias hipotecárias –instituições financeiras criadas pelo governo para financiar a habitação à classe média alta– só deverão começar a operar dentro de cinco meses, de acordo com a previsão do Banco Central.
Segundo técnicos do BC, esse é o prazo para que bancos e construtoras viabilizem empresas, cujas regras foram definidas pelo Conselho Monetário Nacional.
Em meados de 1995, dizem, a economia poderá oferecer condições consideradas necessárias para que as companhias hipotecárias possam financiar imóveis com juros e prazos acessíveis ao público de renda média.
Mesmo nessa situação, as companhias hipotecárias não deverão tirar os clientes do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), em que os juros são tabelados a 12% ao ano, os prazos são superiores a dez anos e as prestações são vinculadas à renda do mutuário.
Segundo previsões de técnicos do BC, os primeiros financiamentos habitacionais por companhias hipotecárias deverão ter prazo de cinco anos e juros de mercado.
A vantagem é a possibilidade de adquirir imóveis fora dos limites de preço determinados pelo SFH, hoje em R$ 56,2 mil. Os tetos impostos pelo SFH têm afastado o público de melhor renda.
O BC imagina ainda que a constituição de companhias hipotecárias por construtoras vai eliminar a burocracia existente hoje nos financiamentos de imóveis novos.
As companhias hipotecárias só poderão captar o dinheiro para os financiamentos pela emissão de títulos como cédulas hipotecárias e debêntures. Os financiamentos, portanto, seguirão os prazos e juros desses papéis.
Hoje, uma parte do mercado consegue emitir debêntures com prazos de até 30 anos. Cédulas hipotecárias não são negociadas a prazo superior a cinco anos. O alongamento desses papéis, para os técnicos, só acontecerá com a estabilização da economia.

Expectativa
A permissão para que se criem companhias hipotecárias anima empresários do setor imobiliário, especialmente porque a nova opção para financiamento de imóveis garante livre negociação da forma e prazo de pagamento.
"A decisão vem de encontro a uma aspiração antiga do setor, e, melhor, atende ao espírito de livre iniciativa e livre mercado", diz Ricardo Yazbek, 42, presidente do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Administração e Locação de Imóveis).
Yasbek afirma que as companhias hipotecárias devem atender, inicialmente, as classes média e média alta.
Roberto Capuano, 50, presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), também afirma que o reflexo da medida do governo será positivo para o setor, pela amplitude nas operações permitida às novas empresas.
Embora a resolução inclua a possibilidade dessas empresas captarem recursos no exterior, Capuano não acredita que, nesse momento, o país consiga atrair volume significativo de capital estrageiro para esse fim.
"É possível, mas não provável. O mais provável é que esse tipo de medida incentive o retorno do capital brasileiro que está investido lá fora", diz Capuano.

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