São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994
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Gravação tumultua a eleição no Flamengo

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A gravação clandestina de telefonemas com a suposta participação do empresário Kléber Leite transformou-se na maior polêmica antes da eleição para presidente do Flamengo, segunda-feira que vem.
Adversários políticos do empresário disseram que receberam a fita entre quarta e quinta-feira. Cópias da fita foram entregues a jornais. A Folha teve acesso ontem à gravação. Leite reconhece que a voz seja sua, mas diz que parte dos diálogos foi forjada.
O empresário Hélio Vianna, um dos quatro sócios da Pelé Sports e Marketing, afirmou reconhecer as vozes de Kléber Leite e do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, numa conversa entre o ano passado e o primeiro semestre de 1994.
O suposto Leite pergunta: "Outras agências vão vender esses ingressos na Copa, não?".
O suposto Ricardo Teixeira responde que apenas as quatro agências credenciadas fariam a venda, mas que já teria montado um esquema para prejudicá-las.
A venda de pacotes com ingressos para a Copa era privilégio no Brasil de quatro empresas, uma delas a Pelé Sports e Marketing. A CBF não pode vender ingressos que recebe da Fifa.
Noutra conversa, o suposto Kléber Leite conversa com alguém e diz que vai "encomendar algo para ele e para a empresa dele", referindo-se a Pelé.
Uma das hipóteses levantada é a contratação de uma prostituta para dizer, numa entrevista, que Pelé é impotente. "Vai ter manchete", diz a voz. "É a voz do Kléber", afirmou ontem Hélio Vianna.
A voz reconhecida por Hélio Vianna como a de Kléber Leite se refere a Pelé com palavrões e expressões racistas.
A mesma voz, noutra passagem, conversa com um certo "Hawilla" sobre o atraso no recebimento de dinheiro por parte de um certo "Salim", num banco cujo expediente já se encerrara.
Um dos sócios de Leite é o ex-radialista J. Hawilla. José Carlos Salim é o atual diretor financeiro da CBF, ex-responsável por marketing. A fita não permite saber se é ele a pessoa a quem o suposto Kléber Leite se refere.
Leite é candidato a presidente do Flamengo. O atual presidente, Luiz Augusto Velloso, e o advogado Júlio Gomes também são.
Leite afirmou em entrevista à Folha que reconhece a sua voz, mas que "numa conversa pelo menos" ela foi forjada. Não especificou qual. "Isso vem à tona à véspera da eleição para me prejudicar", afirmou.
O presidente da CBF foi procurado duas vezes pela Folha e até às 18h30 não havia telefonado para o jornal.(MM)

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