São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Na sala com PC

JOSIAS DE SOUZA

BRASÍLIA – Mais magro, bigode salpicado de prata, PC Farias mata o tempo como pode. Na sala especial em que o trancafiaram, divide-se entre a televisão, o vídeo, os livros e os jornais.
Na televisão, além do noticiário, aprecia as corridas de Fórmula-1. Afora a paixão por aviões, sempre gostou de carros. Sobretudo os mais velozes. Com a morte de Senna, passou a torcer por Rubinho.
No vídeo, o último filme que encheu-lhe as vistas foi "Havana". Achou soberba a atuação do veterano Robert Redford.
No momento, PC folheia as últimas páginas de "Chatô", de Fernando Morais. E toma fôlego para mergulhar no denso "Lanterna de Popa". O livro do senador Roberto Campos já se encontra sobre sua cabeceira.
A proximidade do julgamento do caso Collor no STF deixou-o ansioso. Nos últimos dias, passou a prestar maior atenção aos jornais. Prefere a Folha e a "Gazeta Mercantil".
Ontem, duas notícias chamaram-lhe especial atenção. A primeira encontrava-se na página 1-9 da Folha, sob o título "Senado tenta manobra para salvar Lucena".
Buscava, na verdade, a página 1-12 que, de acordo com o extrato publicado na capa do jornal, trazia o noticiário sobre as doações de bancos e empreiteiras aos políticos.
Saindo do caso Lucena, deu com dois enormes anúncios. Virou mais uma página e lá estava: "Empreiteiras pagam 72% de verba do PT-SP". Impressionou-se.
José Dirceu, um de seus algozes na CPI do Collorgate, tivera o grosso de sua campanha financiada pela mesma empreita que, em 89, investia pesado em Collor para evitar o "risco" PT.
Mais abaixo, no rodapé da mesma página, encontrou a prova definitiva de que algo mudou. No balanço da prestação de contas dos candidatos à Presidência, notou que o próprio Lula serviu-se da dinheirama das empreiteiras.
Por um instante, PC lembrou-se de ter dito, em seu depoimento à CPI, que tudo aquilo não passava de "hipocrisia".

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