São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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"Saí em prantos na chuva"

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O psicólogo Valter Gallego, 35, presidente do GIV e soropositivo, repetiu seu teste no laboratório Fleury a pedido da Folha.
"O envelope foi entregue fechado e eu o abri em casa. O médico do laboratório que me recebeu depois parecia ansioso. 'O senhor teve apenas um contato com o vírus. Não se desespere e procure um médico.' Me pareceu que ele temia que eu cortasse os pulsos ali.
Sei que tenho o vírus desde o dia 26 de março de 86, quando peguei pneumonia. Os médicos me examinaram à distância. Um deles usou minha própria camisa para me apalpar. Perguntavam com um sorrisinho nos lábios, 'com quantos você transou este ano? Mais de mil? E ontem, com quantos?'
Na semana seguinte, uma médica me disse que eu tinha 15 dias de vida. Saí em prantos na chuva, pensando em pular do viaduto Rebouças. Oito anos e meio depois, estou bem vivo."
Em Marília, o supervisor de serviços gerais Antonio Carlos, 35, também soropositivo, repetiu o teste no centro de saúde.
"Contei a verdade: sou homossexual, tive três parceiros em 15 anos, dois já morreram de Aids. Antes de dar o resultado, o médico me preparou. Disse que se eu me cuidasse poderia viver muito.

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