São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994 |
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Produção em alta 'sacia' consumo no verão
FRANCISCA RODRIGUES
Nesse período, o consumo de cerveja aumenta 40%. E neste ano, depois do Plano Real, o consumo per capta no Brasil cresceu de 33 para 40 litros, segundo os fabricantes de cerveja. Eles garantem que a bebida não vai faltar. A previsão dos produtores é de incremento nas vendas entre 10% e 20% em 94 na comparação com o ano passado. Este ano os brasileiros irão beber seis bilhões de litros de cerveja, segundo os fabricantes que comemoram o aumento nas vendas. "Mas o consumo ainda é pequeno. Na Alemanha, por exemplo, o consumo médio por pessoa é de 144 litros/ano per capta. Na Argentina, é de 45 litros", diz Paulo Pereira, 40, diretor de marketing do grupo Antarctica. A capacidade instalada hoje do setor cervejeiro no Brasil é de 60 litros per capta. Se o consumo é de 40, não há porque faltar bebida, explica Pereira. A Brahma, líder no mercado nacional (que também produz a Skol), com 51,7% de participação, aumentou a produção em 15% neste final de ano. Investimentos O Grupo Antarctica investiu US$ 100 milhões em novas fábricas e na ampliação da capacidade instalada de outras, diz Pereira. "Nossos investimentos estão repercutindo agora. A produção das nossas fábricas de Camaçari e do Rio de Janeiro foi ampliada", diz. Segundo ele, o grupo está operando a 100% da capacidade instalada. "Em anos anteriores, faltava cerveja porque a produção do setor era pequena." A Kaiser, que detém 14% de participação no mercado, também está operando a plena capacidade. "Algumas de nossas seis fábricas estão trabalhando em três turnos para suprir a demanda", afirma Carlos Eduardo Jardim, 54, vice-presidente da Kaiser. A Kaiser também ampliou a produção. Na fábrica de Jacareí (SP), a produção aumentou em 40%. Nesta semana a empresa decide o aumento da produção em cerca de 70% na unidade de Feira de Santana (BA). "Estamos construindo nova fábrica em Araraquara (SP), que deve entrar em operação em setembro de 95", informa Jardim. Para evitar a falta de cerveja, a Kaiser está gerenciando a distribuição da bebida. "Em anos anteriores, muitos pontos de venda estocavam cerveja já sabendo que iria faltar. Quando isso acontecia, cobravam ágio", lembra Jardim. Atualmente, a Kaiser está cuidando para não deixar grandes estoques em alguns distribuidores. "Estamos distribuindo a cerveja de forma linear." Jardim está trabalhando com uma estimativa de crescimento de 8% nas vendas da Kaiser neste final de ano. Os distribuidores da Antarctica investiram US$ 150 milhões na compra de três mil caminhões para agilizar a entrega. Isso possibilitará o aumento de capacidade de entrega de mais 30 mil toneladas, diz Ataide Gil Guerreiro, presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras Antarctica. Importadas Uma opção a mais para os brasileiros, as cervejas importadas invadem o mercado. Mas os fabricantes nacionais afirmam que não estão preocupados com essa concorrência. Jardim, que também é vice-presidente do Sindicato Nacional da Cerveja, afirma que o nicho de mercado para as importadas é pequeno. Mesmo assim, a Kaiser está negociando com a marca Heinekeen para importar cerveja e atender a demanda. "Não será com nossa marca, mas saberão que é a Kaiser quem está abastecendo o mercado", observa o vice-presidente. A importada não tem muito espaço, afirma Jardim. Embora tenha alíquota de importação baixa, elas têm que pagar IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Isso encarece o produto, cujo preço chega a ser entre 20% e 50% mais elevado do que a bebida nacional, explica. Pereira, da Antarctica, diz que as importadas representam apenas 0,5% do consumo total do país. "Com preços mais altos, será difícil ganhar espaço." Além disso, segundo os fabricantes, o consumidor brasileiro é solidário com a sua cerveja, que já estaria adequada ao gosto nacional. Texto Anterior: Guerra por TVs recomeça em 95 Próximo Texto: Antarctica abre fábrica no RN Índice |
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