São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Vargas Llosa reprova o 0 a 0 no Morumbi

Mas elogia a torcida corintiana
MATINAS SUZUKI JR.

MATINAS SUZUKI JR.; LUIZ ANTÔNIO RYFF
EDITOR-EXECUTIVO

Mário Vargas Llosa não gostou muito do 0 a 0 entre Bragantino e Corinthians.
Mas adorou a torcida corintiana (principalmente o nome Gaviões da Fiel) e aplaudiu jogada de Marques, pela esquerda, que Marcelinho finalizou. "Maravilha", disse, visivelmente feliz com o belo lance.
O escrito peruano, apaixonado pelo futebol (foi ele quem tomou a iniciativa de incluir a partida de ontem na agenda cheia, em São Paulo), compara sempre o futebol com outras esferas da vida.
Para ele "o futebol é o ideal de uma sociedade perfeita: poucas regras claras, simples, que garantem a liberdade e a igualdade dentro de campo. Com a garantia do espaço para a competência individual".
No caso Maradona, por exemplo, ele enxerga "um pobre menino completamente perdido, confuso, triturado pelo êxito. Ele parece com alguns países da América Latina. Cheios de possibilidades e um desperdício terrível. Daria um romance trágico".
Seu time no Peru é o Universitario de Deporte ("La U"), em que jogou quando menino. Disse que sempre foi um mau jogador, mas "entusiasta".
Ele se lembra dos jogadores "míticos" do Peru de sua juventude: Lolo Fernandez, que era um símbolo não só do bom jogador, mas do cavalheirismo e do espírito esportivo.
Ele cita ainda Pires Mosquera e também um famoso atacante de seu time, Toto Terry, o primeiro jogador louro que virou ídolo e ficou conhecido como a Flecha Loura.
Llosa diz que, nos seus primeiros anos de Londres, costumava ir aos jogos do Campeonato Inglês, mas que desistiu por causa do hooliganismo.
(Neste momento o juiz entra em campo. Ele se recorda que seu livro "Tia Julia e o Escrevinhador" tem um capítulo dedicado a um juiz de futebol. Trata-se de um rapaz estranho que tem a vocação não de ser jogador de futebol, mas sim de ser juiz. "Uma vocação um pouco masoquista", comenta.)
Ele sempre gostou do brilhantismo pessoal do jogador brasileiro. Para ele, os brasileiros são não só eficazes, mas também brilhantes.
Vargas Llosa passou a sua lua-de-mel, em 1965, em Copacabana. Recorda-se vivamente de ter ido ver Pelé jogar contra a Alemanha, no Maracanã.
Para ele, o melhor jogador da Copa de 1994 foi Romário, um jogador que ele considera extraordinário na eficiência, na rapidez e na técnica.
O que mais fascina Mário Vargas Llosa é a capacidade de o futebol brasileiro se renovar. "Sempre me intrigou muito por que no Brasil há esta criatividade para o futebol. Não é para todos os esportes. Há como que uma predisposição da cultura, e isto me fascina muito".
Colaborou Luiz Antônio Ryff

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