São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Zélia Gattai escreve seu primeiro romance

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

A escritora Zélia Gattai, 77, é uma escritora tardia. Se iniciou no ramo aos 63 anos, emplacando um best-seller. "Anarquistas Graças a Deus" (79) virou minissérie da Rede Globo em 1984, e vendeu cerca de 300 mil exemplares.
Desde então foram sete livros, cinco memórias e dois infantis. Além de um de fotografia, não comercializado. Agora, ela se aventura na arte do romance com "O Galo de Dona Antonieta –Crônica de uma Família na Cidade de São Paulo na Década de 50".
Zélia segue atada ao ambiente familiar e ao universo dos imigrantes. No livro, mostra o desenvolvimento de uma menina, tendo como pano de fundo o desenvolvimento do país. Chance para falar das emoções de então, das polegadas a mais da miss Brasil Martha Rocha ao sugimento da TV.
Em entrevista à Folha, Zélia reafirma que não se considera uma escritora. Revela sua crença no acaso e diz que escrever memórias é mais difícil do que fazer um romance. Confessa que sente falta dos palpites do marido, Jorge Amado e que a família é a coisa mais importante do mundo.
O escritor atende os telefonemas na Bahia e aproveita para "corujar" a esposa. "A Zélia pôs o ponto final no primeiro romance dela", diz orgulhoso.
"Ele é muito discreto. Até me assombra ele dizer isso. Com a família, o Jorge é bastante severo. Não é de jogar confetes", diz Zélia.
Afinal, sua carreira literária tem luz própria. Seus livros foram publicados na Argentina, Espanha, Itália, Portugal, França, Alemanha, Rússia. E "Anarquistas" está sendo traduzido na China.
Zélia já pensa no próximo livro, de memórias, sobre a ida do casal para a Bahia. Mas não tem pressa. "Ainda estou de resguardo. O parto desse livro foi hoje", ri.

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Sobre o novo livro de Zélia Gattai à pág. 5

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