São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Garoto viaja 5 horas embaixo de ônibus

DA FOLHA NORDESTE E DA FOLHA SUDESTE

O adolescente Émerson Mário da Silva, 15, fugiu da delegacia de São Joaquim da Barra no sábado passado após viajar como clandestino durante cinco horas em um compartimento embaixo do ônibus da empresa Itapemirim.
A distância entre Campinas e São Joaquim da Barra é de 324 quilômetros. Ele saiu de Campinas na última sexta-feira.
Segundo o gerente de operação da regional Campinas da Itapemirim, Carlos Lacerda, o adolescente viajou com o corpo curvado entre as ferragens do motor e o bagageiro, que fica embaixo da caixa de câmbio do ônibus.
Esse espaço é usado por funcionários da empresa para a manutenção dos veículos.
Lacerda afirmou que o menor deveria ter conhecimento do local, já que Silva trabalhou em uma oficina mecânica no mês passado.

Percurso
O ônibus seguia para o Piauí. Ele saiu de São Paulo na sexta às 8h, passou em Campinas, às 9h20, e chegou em São Joaquim da Barra às 14h30.
Nesta cidade, algumas pessoas na rodoviária notaram o menor, que foi levado à delegacia.
Segundo o delegado Rogério dos Santos Gimenes, 24, responsável pelo caso, Silva afirmou que estava indo para Picos, no Piauí, tentar encontrar os pais.
"Ele correu sério risco de vida", afirmou Gimenes.
Segundo ele, Emerson disse que iria para Picos visitar seus pais. Gimenes disse que o albergue não oferecia segurança suficiente para impedir a fuga do garoto.
"Mas como o albergue não tem segurança, o adolescente fugiu na mesma noite. Nós o reencontramos na rodoviária da cidade", afirmou Gimenes.
O menor foi transferido para o albergue da cidade por ordem do promotor Carlos Henrique Gaspareto, 33.
O promotor não havia recebido nenhuma informação sobre o caso até a tarde de ontem.
No sábado, Silva voltou à delegacia e, enquanto Gimenes recebia uma nova ocorrência, fugiu novamente.
O irmão do adolescente, o motorista Francisco Avelar da Silva, 30, disse que ele é uma pessoa problemática.
"Ele cheira cola de sapateiro e já esteve envolvido em pequenos furtos", afirmou Francisco.
"Eu o trouxe para cá porque ele dava muito trabalho para meus pais, que moram no Piauí", disse. Francisco disse que o garoto tentou fugir porque descobriu que seria internado num abrigo para menores, em Campinas.
Francisco disse ainda que arrumou dois empregos para o irmão para que ele "mudasse de vida".
Em ambos os trabalhos, em uma serralheria e uma oficina mecânica, Silva foi despedido por causa de furtos de materiais.

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