São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Livro discute a degradação arquitetônica de São Paulo

SÉRGIO MALBERGIER
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo (e o Brasil) precisa aprender a recuperar seus prédios. O alerta é do professor de arquitetura Nestor Goulart Reis, da FAU-USP, que lançou ontem o livro "São Paulo e Outras Cidades - Produção Social e Degradação dos Espaços Urbanos" (Ed. Hucitec).
Só as dezenas de fotografias do livro -de São Paulo e cidades como Guarujá, Santos e Sorocaba-, já deixam patentes sua tese central de que as cidades brasileiras, em algumas décadas, se transformam radicalmente com o pouco respeito dado ao que é pejorativamente chamado de "velho". Quase sempre não são transformações, mas degradações. "A degradação é massacrante", diz Reis.
Para o arquiteto, ex-presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) e Condephaat (Conselho de Defesa do patrimônio Histórico), o Brasil está décadas atrasado na tecnologia de recuperar prédios antigos, fundamental para a preservação da memória arquitetônica.
"Quando isso é feito, é improvisado, o que eleva os custos", afirma Reis. Ele lembra que, na Europa, muitos bairros têm de séculos o que bairros de São Paulo não têm de décadas.
O livro de Reis divide a evolução arquitetônica da cidade em quatro "fisionomias distintas": a cidade do trabalho escravo (até 1888), a cidade européia (1889-1930), a cidade modernista (1930-60) e a metrópole centralizada e congestionada (1960-90).
A obra realça o que se perdeu e a cultura predatória da expansão paulistana.
O projeto modernista da avenida Nove de Julho, por exemplo, foi literalmente mutilado: a torre do túnel Nove de Julho foi cortado ("como se fosse com uma tesoura") para passar um viaduto em cima.

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